Jovem que matou a própria mãe em Caçador foi condenada a mais de 23 anos de prisão

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Em julgamento que durou mais de onze horas nesta quinta-feira (20), em Caçador/SC, Valéria Ribeiro da Silva, de 24 anos e Leandro Matheus Alves Negretti, 25, foram condenados pelo crime de homicídio duplamente qualificado.
Ela pegou 23 anos e quatro meses, e ele 24 anos de reclusão.

Jovem que matou a mãe em Caçador é condenada a 23 anos de prisão
Leandro, Priscila e Valéria. Imagem: Caçador.net
Já Priscila de Fátima Ribeiro, 24, outra ré levada a júri, teve a acusação desclassificada para omissão de socorro e recebeu a liberdade.

O crime:

A mãe de Valéria, Elenir Ribeiro, de 45 anossofria de esquizofrenia e usava diversos medicamentos regularmente.

Quando saiu de uma clínica, teve os cuidados transferidos para a filha que passou a se dizer sobrecarregada.

Leandro, namorado de Valéria, indicou um emagrecedor vendido sem retenção de receita médica, que não seria identificado em uma perícia. 
Conforme a investigação, foram dados mais de dez comprimidos à vítima.

Valéria deu os medicamentos para a mãe. Ela e a prima assistiram à agonia da mulher por três horas. “Só depois de uma hora, quando tiveram certeza da morte dela, simularam um pedido de socorro aos bombeiros”, disse o delegado responsável pelo inquérito, Fabiano Locatelli.

Na época, um atestado classificou a morte como natural. 

 Júri popular foi realizado realizado no Tribunal de Caçador.
A polícia só começo a investigar depois que um parente da vítima, em depoimento sobre outro caso, declarou à polícia suspeitar que ela não tivesse morrido por causas naturais, mas que tivesse sido assassinada pela própria filha. Até então, familiares e conhecidos não desconfiavam do ocorrido.

No celular da filha, a polícia encontrou o áudio de uma conversa entre ela e o ex-namorado, em que os dois comentam sobre o crime. A perícia encontrou uma gravação já apagada pela jovem.

Trechos da conversa entre Valéria e Leandro

– Se a gente não a matasse, não ficaria junto. Você acha que você ficaria comigo, com ela gritando? Fazendo você passar vergonha… Você não ficaria comigo, indagou a garota. “Não”, respondeu o ex.

– Qualquer morte que der infarto não tem como comprovar a causa [..] Se tivessem feito perícia no dia da morte, os remédios não teriam aparecido”, disse o rapaz.

– Eu tirei uma vida e me ferrei. Tirei a vida dela para ficar com você, disse a garota. “Nós vamos ficar juntos, até você tirar a minha”, respondeu o ex.

– Não tem como comprovar o que causou a parada cardíaca [..] Um exemplo: vamos pegar um filme que assistimos, o do Chuck, lembra quando ele deu um veneno de rato para o padre morrer, e deu um infarto fulminante? Infarto quer dizer morrer célula cardíaca, é diferente se tu der para ingerir um veneno líquido que fica no organismo”, disse o ex-namorado.

Para o promotor de justiça João Paulo de Andrade, representante do Ministério Público, a pena foi muito bem aplicada e justa.

“Ficou bastante claro que ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém, qualquer que seja a sua situação, moléstia ou doença. Isso ficou claro ao corpo de jurados. Foi um crime bastante cruel, praticado contra uma pessoa que não poderia oferecer nenhum tipo de resistência”.