A auxiliar de produção Jociely de Jesus Abreu foi estuprada e morta após ser arrastada para um terreno baldio em Arapoti, nos Campos Gerais do Paraná. Ela tinha 31 anos e deixa uma filha de sete anos.
Uma câmera de monitoramento registrou o momento em que ela foi atacada pelo suspeito, identificado como Juliano Constantino. Nas imagens (assista no vídeo abaixo) ele aparece se aproximando dela e a levando à força para o matagal. Cerca de meia hora depois, ele saiu do terreno e foi embora.
Jociely desapareceu após sair de casa no sábado (17). Ela não voltou para casa e, na manhã de segunda (19), familiares registraram boletim de ocorrência do desaparecimento.
“Imediatamente, os nossos agentes passaram a traçar o itinerário que ela fez. Enquanto a gente estava colhendo essas informações, chegou para nós a informação de que foi encontrado o corpo de uma mulher por volta do meio-dia nessa área e, quando a polícia chegou ao local, percebeu que era a vítima desaparecida no sábado à noite“, detalha o delegado Gumercindo Athayde.
Juliano é morador de rua e foi preso na terça-feira (20). Andarilho, ele é conhecido por circular pelas cidades vizinhas de Arapoti, Jaguariaíva e Wenceslau Braz.
Athayde afirma que Juliano não conhecia Jociely e que, pelas imagens, é possível ver que ele se aproxima dela quando a vê sozinha.
“A vítima percebe essa aproximação, tenta acelerar o passo e tenta conversar com ele para chegar até uma área mais povoada para tentar pedir socorro, mas ela não consegue. Quando ele vê que há uma mata no local, ele a agarra, dá uma ‘gravata’ nela e os dois caem para uma área mais abaixo do nível da rua“, explica o delegado.
Athayde também conta que o corpo de Jociele foi encontrado com sinais de violência física e sexual; além de hematomas no rosto e no pescoço que indicam possível estrangulamento, ela estava sem as roupas de baixo e com as de cima rasgadas.
“A gente entende que ele abordou a vítima com a intenção do estupro e começou a agredi-la. Não sabemos se o estupro iniciou se quando ela ainda estava viva ou se depois de morta, dependemos do laudo do IML “, complementa o delegado, que define o crime como um “ataque brutal”.
De acordo com familiares, Jociely era muito apegada à mãe e ao pai. Ela era divorciada e morava com a filha no mesmo terreno que os pais, em uma casa ao fundo.
Dias antes de ser morta, Jociely saiu do hospital após duas semanas internada para tratar asma. A família acredita que ela não correu devido à doença respiratória.
Prisão do suspeito
Juliano Constantino foi preso na cidade vizinha de Wenceslau Braz, no dia 20. Conforme as informações da Polícia Civil do Paraná, ele admitiu ter roubado a mulher, mas negou o assssinato e a violência sexual. Entretanto, diante das provas já coletadas, o delegado responsável pelo caso irá indiciá-lo pelos crimes de latrocínio e estupro.
Encaminhado para a delegacia, o suspeito foi interrogado e, de acordo com o delegado Gumercindo Athayde, confessou apenas ter assaltado a vítima.
“Ele admite, efetivamente, que a intenção dele foi roubar a vítima, porque ele estava no momento da abstinência do uso de drogas, precisava de mais drogas, não tinha dinheiro para comprá-la, então resolveu roubar para transformar esses objetos que ele subtraísse dela em eventual moeda de troca para a compra de drogas”, afirmou em entrevista à TV Campos Floridos.
Companheira foi ameaçada para ocultar o crime
No momento em que foi preso, Constantino estava junto com a sua atual companheira, uma mulher também em situação de rua. Ao ser interrogada, ela contou que já sabia do crime, mas que foi ameaçada pelo companheiro para manter a história em segredo.
“Durante a abordagem, a mulher que acompanhava o autor se identificou como sendo companheira dele, afirmando que estaria com ele já há cerca de um ano. Ela alegou que estava sendo ameaçada e constrangida por ele para acompanhá-lo nessa fuga desde Arapoti”, conta o delegado.
“Ela narrou que ela tinha conhecimento do fato e que o companheiro havia confessado a ela que tinha roubado a vítima. No entanto, ele não afirmou a ela que teria matado e nem que teria estuprado [a vítima]. Ele inclusive teria convidado a própria companheira a ajudá-lo nesse roubo, mas ela se recusou. Quando ele retornou, ele retornou com uma pulseira e um anel da vítima, e bastante alterado”, complementa.
O delegado contou ainda que essa mulher chegou a ir até o local do crime, quando constatou que a vítima estava morta.
“Ela suspeitou disso e, durante a madrugada do domingo, foi até o local onde a vítima estaria, que ele falou, e lá ela viu a vítima morta, sem as roupas e baixo, com indícios do estupro. E daí, a companheira dele, segundo ela, se compadeceu da vítima, se colocou no local dela, como vítima também, como mulher. Porém, temendo pela violência, pela agressividade do companheiro, não comunicou nada às autoridades e ficou quieta”.
A companheira do suspeito contou também onde ele escondeu a pulseira e o anel que roubou de Jociely, que foram localizados pelos policiais e entregues à família, que reconheceu os objetos.
Família pede justiça
O corpo de Jociely foi sepultado na terça-feira (20), no Cemitério Municipal de Arapoti. Para o próximo domingo (25), a família está organizando uma caminhada para homenageá-la e pedir Justiça.
Josmar dos Santos Leite, primo de Jociely, conta que ela era uma pessoa muito querida e dedicada à família e ao trabalho. Por isso, os familiares e amigos estão em choque com o que aconteceu.
“A única coisa que a gente pede é que a pessoa que fez isso pague. Porque isso não pode ficar assim”, desabafa.
Até ter a vida interrompida pelo crime, Jociele trabalhava em uma indústria de produtos médicos e hospitalares.