O relatório do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), em face a 7ª fase da Et Pater Filium, é estarrecedor e recheado de detalhes.
Os embasamentos para as prisões, que ocorreram em Canoinhas no dia 29 de março, são pesados e paralelamente mostram a eficiência dos investigadores nos cruzamentos de informações.
A colaboração premiada de Adelmo Alberti, prefeito de Bela Vista do Toldo, e do empresário Miguelangelo Dias Hiera, em muito contribuíram para que o esquema criminoso que se desenrolava em Canoinhas fosse enfim descoberto e investigado, em especial no que diz respeito ao transporte escolar.
Contudo, depoimentos de testemunhas, que estão protegidas pela justiça, também trouxeram a tona informações valiosas para as investigações, e dentre elas um detalhe curioso, que demonstra o quanto era próxima a relação entre Beto Passos e o então Secretário Municipal de Administração e Finanças, Diogo Seidel, para além dos atos ilícitos.
Os colaboradores, assim como uma das testemunhas protegidas, identificaram que Seidel era o principal articulador administrativo do esquema criminoso relacionado ao transporte de alunos e passageiros, proporcionando as condições necessárias para continuidade do esquema, de acordo com o documento do MPSC.
Para além, o secretário ostentava um estilo de vida que não era condizente com o que ganhava na esfera municipal.
Segundo o colaborador premiado, Miguelangelo Hiera, “por vezes encontrou ele [Diogo] em bares e restaurantes e que a mulher do homem é só champanhe, espumante e sempre quando o cara vai pagar a conta é dinheiro vivo, não passa nem cartão”. “Que tem dois carros [um Corolla e uma SW4], ganhando salário de secretário que é R$ 10 mil reais bruto“.
Uma testemunha, por seu turno, arrematou afirmando que “o Diogo Seidel é o financeiro da Prefeitura, é o grande articulador e tem grande relação com o Pike e o Beto, que até mesmo os serviços de faculdade é o Diogo que faz para o Beto […]e que ele anda sempre de carro novo, de luxo […]”. Para quem desconhece, Passos participou de sua formatura, no curso de Direito, 2 dias antes de ser preso.
Segundo a investigação, as licitações para o transporte de alunos e passageiros teriam servido para enriquecer o ex-prefeito, Beto Passos, o vice Renato Pike e o secretário Diogo Seidel, que são acusados de dividir, a título de propina, 10% dos pagamentos feitos pelo município pelo transporte escolar.
Seidel teve a prisão temporária decretada, porque, de acordo com o MPSC, tinha amplo acesso aos documentos públicos e fortíssima influência junto aos servidores da prefeitura. Ele teve a prisão convertida para preventiva, sem prazo para sair da cadeia.