A menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, morreu na manhã deste sábado (16). Ela estava internada desde o dia 7 de setembro, depois de ser atingida por um tiro na cabeça em uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio de Janeiro.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a garota teve uma parada cardiorrespiratória irreversível.
Na última quarta-feira (13), Heloísa tinha tido uma pequena piora no estado de saúde, que já era considerado instável e gravíssimo. A menina foi reanimada 6 minutos após uma parada cardíaca.
O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça a prisão preventiva dos três agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) envolvidos na morte da criança.
O procurador Eduardo Benones representou pela prisão dos agentes Fabiano Menacho Ferreira — que admitiu ter feito os disparos —, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva. O pedido foi feito na noite desta sexta-feira (15), antes de Heloísa morrer.
Policial admitiu tiro
No primeiro depoimento dos policiais prestado à Polícia Civil, o agente da PRF Fabiano Menacho Ferreira admitiu ter feito os disparos de fuzil que atingiram a menina.
Ele disse que os policiais tiveram a atenção voltada para o veículo Peugeot 207, e que a placa indicava que o carro era roubado.
Eles seguiram atrás do veículo, ligaram o giroflex e acionaram a sirene para que o condutor parasse, mas que, depois de cerca de 10 segundos atrás do veículo, escutaram um som de disparo de arma de fogo e chegaram a se abaixar dentro da viatura.
Fabiano Menacho disse que, então, disparou três vezes com o fuzil na direção do Peugeot porque a situação o fez supor que o disparo que ouviu veio do veículo da família de Heloísa.
Os outros agentes, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva, confirmaram a versão do colega.
O que diz a família
Desde o primeiro momento, a família disse que o tiro partiu de uma viatura da PRF.
Pai da menina baleada, William Silva, que dirigia o veículo, disse que passou pelo posto da PRF e não foi abordado em nenhum momento, mas percebeu que uma viatura passou a segui-lo e ficou muito próximo ao seu carro.
“A Polícia Rodoviária Federal estava parada ali no momento que a gente passou. A gente passou e eles vieram atrás. Aí eu falei: ‘Bom, tudo bem, mas eles não sinalizaram para parar’. E aí, como eles estavam muito perto, eu dei seta e, neste momento, quando meu carro já estava quase parado, eles começaram a efetuar os disparos”, explicou ele.
Ainda segundo William, a reação dele foi sair o mais rápido possível do carro para os policiais saberem que era uma família que estava no veículo.
“Eu coloquei a mão para o alto, saiu todo mundo, só a minha menorzinha que ficou dentro do carro. Aí foi a hora que eu entrei em choque”, lamentou.
A família afirmou que o tiro acertou a coluna e a cabeça da criança.
A PRF e o Ministério Público Federal (MPF) também investigam o agente que esteve à paisana no hospital onde Heloísa estava.
Imagens das câmeras de segurança do Adão Pereira Nunes mostram o policial entrando no local, sem se identificar, e sendo seguido por um segurança até o corredor da emergência pediátrica.
William Silva, pai de Heloísa, esteve nesta segunda-feira (11) no MPF para prestar depoimento. Ele contou que chegou a conversar com o agente da PRF.
“[Ele] não se sentiu ameaçado, chegou a conversar com esse policial. No curso das investigações, se ficar provado que esse policial entrou no CTI sem autorização, evidentemente pode ser caracterizado um abuso de autoridade sem prejuízo de sanções disciplinares por parte da PRF”, disse o procurador da República Eduardo Benones, que investiga o caso.





