Com a aproximação do início do ano letivo, crianças e adolescentes vivenciam a expectativa pelo retorno às aulas. No entanto, além da ansiedade, surge uma preocupação recorrente entre os pais: os temidos piolhos. A coceira frequente é um sinal de alerta, gerando dúvidas sobre a origem do problema e se ele está relacionado à higiene.
Lauren Morais, dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Paraná (SBD-PR), explica que os piolhos encontram condições favoráveis para sua proliferação, afetando tanto crianças quanto adultos. O calor e a umidade do verão contribuem para uma maior incidência desses parasitas.
“Os piolhos são parasitas sugadores de sangue, pequenos e sem asas, que vivem e se reproduzem na superfície da pele e dos pelos. Eles não sobrevivem mais de 36 horas longe do hospedeiro, mas em ambientes úmidos e quentes, as lêndeas podem resistir por até 10 dias”, esclarece a especialista.
Piolhos estão ligados à falta de higiene?
Uma ideia errônea comum é associar a presença de piolhos à falta de higiene. Segundo a dermatologista, essa relação é um mito.
“A higiene é essencial, mas os piolhos não estão relacionados à falta dela ou à baixa renda. Lavar os cabelos diariamente não elimina o problema, pois os piolhos gostam de umidade e podem sobreviver submersos por até 20 minutos”, alerta.
Como ocorre a transmissão
O contágio ocorre principalmente pelo contato direto entre cabeças ou pelo compartilhamento de objetos como escovas, pentes, bonés e roupas de cama contaminadas. Diferente do que muitos acreditam, os piolhos não pulam nem voam.
“Eles são insetos sem asas e podem ser deslocados pelo uso do secador de cabelo ou ao retirar uma blusa”, explica Lauren Morais. Pessoas com cabelos curtos têm menor risco de contágio, pois a superfície de contato é reduzida.
Sintomas e diagnóstico
O principal sintoma da pediculose é a coceira intensa, que pode causar pequenas feridas na cabeça, atrás das orelhas e na nuca. É possível visualizar tanto os piolhos quanto as lêndeas aderidas ao couro cabeludo.
Como prevenir o contágio
Para evitar a infestação, a principal recomendação é não compartilhar objetos de uso pessoal.
“Evite dividir pentes, escovas, bonés, acessórios de cabelo, roupas de cama e toalhas”, orienta a presidente da SBD-PR. A limpeza excessiva do ambiente e o uso de inseticidas são desnecessários.
Tratamento eficaz
O tratamento envolve o uso de pente fino para remover larvas e ovos, além da aplicação de loções pediculicidas. Em casos mais severos, pode ser necessário o uso de medicação oral antiparasitária. A dermatologista alerta para o perigo de usar produtos inadequados.
“Não utilize inseticidas ou substâncias caseiras, pois podem ser tóxicos para a saúde”, finaliza.