Heloísa nasceu prematura e lutava contra a bronquite desde o primeiro dia de vida. Foto Luan Martendal / Agência RBS |
A morte da pequena Heloisa ganhou repercussão depois que o tio dela, Alexandre Lisboa, que é radialista em Jaraguá do Sul, divulgou um vídeo narrando o ocorrido.
Com relação ao óbito da criança ocorrido no último sábado (10), no Hospital de Joinville/SC, a Polícia Civil de Mafra instaurou um Inquérito Policial para a apuração dos fatos.
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O inquérito foi aberto na última terça-feira (13), depois que os pais da criança relataram à demora de aproximadamente 15 horas para a transferência da menina do Hospital São Vicente de Paulo para o Hospital Infantil de Joinville, onde a pequena faria tratamento especializado contra uma pneumonia.
O motivo da demora seria a falta de combustível na UTI móvel do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que levaria a menina de um hospital a outro.
\”Nenhum regramento dá pra se sobrepor há um estado de necessidade de um paciente. Se a pessoa precisa de uma transferência, vamos fazer.\” Comentou o delegado Nelson Vidal, da DPCAMI de Mafra, reforçando que foram muitos os profissionais da Saúde envolvidos neste caso atípico.
Segundo ainda o delegado, os pais da pequena Heloisa confirmaram que todos os profissionais da Saúde se prontificaram em ajudar, inclusive os médicos queriam pagar o combustível da ambulância.
Delegado Nelson Vidal da DPCAMI de Mafra. (Imagem: Andre Buzzi / Agência RBS) |
O que reforça a tese, primária, de que a falha foi no sistema operacional logístico, mas, a princípio, não em suposta negligência dos profissionais da Saúde, porém tudo será investigado.
\”Nós (da Polícia) também temos um gerenciamento de abastecimento de combustível que controla nossas viaturas e não nos permite abastecer com dinheiro do nosso bolso, mas nem por isso vou deixar de abastecer numa situação atípica, e depois, é claro, responder a uma sindicância e justificar o fato.\” comentou o delegado.
A menina faleceu no sábado após sofrer três paradas cardiorrespiratórias.
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O tormento da família:
Na noite de 6 de junho, a criança teve uma crise respiratória, e os remédios não surtiram efeito. A família então levou a criança para o hospital de Mafra na madrugada do dia 7 (quarta-feira).
Na manhã do dia seguinte, foi solicitada a transferência emergencial dela para o Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville.
Na sequência foi solicitado uma ambulância de Mafra, equipada para esse tipo de transferências, junto à coordenadoria do SAMU da região de Joinville.
O órgão informou que as ambulâncias de Mafra e Canoinhas estavam baixadas pela falta de combustível e que era necessário entrar em contato com a Secretaria de Saúde.
Os pais da menina, membros da equipe médica e da Secretaria Municipal de Saúde se ofereceram para pagar o combustível necessário para fazer a viagem, mas o pedido teria sido negado. Segundo o pai de Heloisa, a justificativa era de que não havia possibilidade de a ambulância ser abastecida por terceiros.
A família conta que, com o entrave, no início da tarde, houve a tentativa de realizar a transferência da criança com auxílio do helicóptero da 2ª Companhia da Polícia Militar de Aviação, mas devido às más condições climáticas, a aeronave não conseguiu decolar naquele dia.
Uma terceira tentativa chegou a ser feita. Uma ambulância de Rio Negrinho, município vizinho, foi enviada para Mafra, mas verificou-se que a equipe médica de plantão não estava completa, o que impedia a transferência.
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Foram então informados de que a ambulância do Samu de Canoinhas iniciaria o transporte da menina, mas por não ter combustível suficiente para chegar em Joinville, seguiria viagem até Rio Negrinho, onde uma outra ambulância, vinda de Jaraguá do Sul, continuaria a transferência.
O período de espera, entre a solicitação do translado e o início da viagem durou cerca de 15 horas.
Conforme a instituição, nesse tempo, o quadro da menina piorou e ela precisou ser entubada. A ambulância com a paciente saiu do Hospital São Vicente por volta das 23h30 da última quinta-feira e chegou a Joinville cerca de três horas depois.
A menina permaneceu internada em Joinville até o último sábado, quando morreu. Heloisa foi velada em Mafra e enterrada no domingo no Cemitério Municipal.
A Secretaria de Estado da Saúde admite haver pendências financeiras com o SAMU e informou que fez um depósito na semana passada de R$ 1,5 milhão.
Disse ainda que vai apurar os fatos. Já a Organização Social Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), que administra o SAMU, informou que irá averiguar o ocorrido e que se manifestará após a apuração.