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Tragédia na estrada: velório com 40 vítimas de acidente será coletivo, no interior de SP

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Acidente entre ônibus e caminhão deixou dezenas de mortos no interior de SP. Foto: Reprodução

Uma colisão entre um ônibus e um caminhão deixou 41 mortos na manhã desta quarta-feira (25) em Taguaí, na região de Avaré, interior de São Paulo. 

O ônibus, com capacidade para 48 passageiros, transportava trabalhadores do setor têxtil para uma fábrica de jeans. 
Segundo apurado até o momento, empresa de ônibus envolvida no acidente é clandestina, não tem não tem registro junto à Artesp nem à Agência Nacional de Transportes Terrestres.
O veículo envolvido na batida acumula 11 multas. Além disso estava com IPVA, licenciamento e DPVAT atrasados, ou seja, não poderia estar em circulação.

Exatamente um ano atrás, em 25 de novembro de 2019, o ônibus recebeu duas multas, uma por estar em mau estado de conservação e outra por defeito na iluminação/sinalização.

Segundo a Artesp, “a empresa não possui registro para transporte de passageiros e roda ilegalmente desde outubro de 2019”.

O ACIDENTE

O acidente aconteceu por volta das 6h30 da manhã, em um trecho de curva da Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, que é pista simples, entre Taguaí e Taquarituba. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, não são comuns acidentes no trecho da rodovia onde foi registrada a batida.

Morreram 40 passageiros do ônibus e o motorista do caminhão. 11 trabalhadores que estavam no ônibus ficaram feridas e estão internadas, algumas em estado grave, em hospitais da região.
O governo estadual fez um pedido aos cidadãos para doarem sangue no Hemocentro de Botucatu, pois as vítimas hospitalizadas estão precisando.

O resgate dos corpos mobilizou uma força tarefa e levou mais de 6 horas. 

Ao todo, cinco viaturas e 19 membros do Corpo de Bombeiros de São Paulo, bem como da Polícia Militar, SAMU, ambulâncias municipais da região e a polícia científica atuaram no local para retirar vítimas das ferragens e socorrer os feridos. O helicóptero Águia da base de Campinas também foi acionado para auxiliar nos trabalhos. 
O médico da Santa Casa de Taquarituba, Gabriel Ortega, responsável pelo atendimento de seis vítimas do acidente, informou que duas já chegaram em óbito.

De acordo com Ortega, os ferimentos mais comuns entre as vítimas eram relacionados com a parte neurológica:

“Absolutamente todos os pacientes que chegaram e estavam graves ou que já chegaram em óbito tiveram traumatismo crânio encefálico grave”, informou.

Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Avaré para serem identificados.
INVESTIGAÇÃO
O motorista do ônibus descreveu à Polícia Civil o momento da colisão. Segundo ele, um outro ônibus freou bruscamente à sua frente, fazendo-o ter que desviar e invadir a pista de sentido contrário. De acordo com ele, o freio do veículo que dirigia falhou. Nessa manobra, teria batido em um caminhão.

O caso é investigado pela Polícia Civil de Taguaí, com o apoio de policiais da região. 

O investigador que ouviu o motorista, de 55 anos, ponderou que ele parecia estar confuso, nervoso e não tinha sinais de embriaguez. A suspeita é de que tenha sofrido traumatismo craniano. 

“Quando ele saiu [da pista], ele se deparou de frente com a carreta. Mas não se lembra de mais nada: como se deu o acidente, se ele tentou desviar da carreta. Ele só se lembra de ter acordado caído para fora do ônibus, no acostamento.”

VELÓRIO COLETIVO

A Prefeitura de Itaí disponibilizou três ginásios poliesportivos para o velório coletivo das vítimas do acidente.  Ao todo, 41 pessoas morreram —40 delas de Itaí— e 11 ficaram feridas. O motorista do caminhão era do Paraná (veja abaixo).

Ainda não há informações sobre as datas para ocorrer os velórios das vítimas do acidente, porque muitos corpos ainda não foram liberados e outros ainda não foram identificados por familiares.

MOTORISTA DO CAMINHÃO


O caminhoneiro que morreu era morador de Castro, no Paraná. De acordo com a polícia,  a vítima é Geison Gonçalves Machado, de 22 anos.
A companheira dele afirmou em entrevista que ele tinha habilitação provisória para carro.

O primo de Geison, Breno Augusto de Lara Silva, também afirmou que o caminhoneiro não tinha habilitação para caminhão, mas que já tinha dado entrada no processo para adquirir o documento.
Ainda segundo o primo da vítima, Geison era o proprietário do caminhão e contratava motoristas para conduzir o veículo durante as viagens.

“Quando meu tio acabou falecendo ele ficou com esse caminhão, e como ele não tinha carteira para viajar ele pegava motorista”, afirmou. 

Geison tinha dois filhos, de três e dois anos de idade. O outro ocupante do caminhão foi socorrido e está hospitalizada em estado grave.