Começou nesta segunda-feira (27), a sessão de julgamento de 22 homens acusados de homicídio triplamente qualificado. Todos os réus são integrantes de uma organização criminosa e estão cumprindo pena atualmente por outros crimes.
Não há registros no Judiciário catarinense de júri com maior número de pessoas no banco dos réus, informou o Tribunal de Justiça. Ao todo, são 33 advogados, dois defensores públicos e três promotores de justiça envolvidos.
Conforme a denúncia do Ministério Público, todos, inclusive a vítima, eram envolvidos com organizações criminosas. O homicídio ocorreu em maio de 2019, no Presídio Masculino de Lages, na Serra catarinense. Consta nos autos que a motivação seria uma dívida com a facção criminosa.
O preso era Edson Ramos, de 26 anos, que tinha dado entrada no prédio duas semanas antes, por tráfico de drogas.
Durante o banho de sol, um dos réus atraiu a vítima para uma conversa aparentemente normal em um canto do pátio situado abaixo da janela de monitoramento visual. Momentos depois, outros integrantes da organização criminosa surpreenderam a vítima, derrubando-a e imobilizando-a.
Iniciou-se então uma sequência de chutes e socos pelo corpo, principalmente na cabeça. Uma parte do grupo espancou o rival até a morte, enquanto os demais formaram um paredão humano para impedir que a ação fosse captada pelas câmeras de videomonitoramento e notada pelos agentes penitenciários. A ação foi praticada por 23 homens, mas um deles morreu no curso do processo.
O JÚRI
Antes das 8h da manhã de hoje, servidores da Justiça e forças de segurança estavam no Fórum preparados para o ato. No Salão do Júri, 61 cidadãos permaneceram até que sete fossem sorteados e aceitos pelos defensores e membros do Ministério Público para integrar o Conselho de Sentença. Cabe a esse grupo decidir o futuro dos réus.
Os jurados permanecerão incomunicáveis até que seja concluído o julgamento, que deve se estender até sexta-feira (31). Doze testemunhas serão ouvidas. O Poder Judiciário restringiu a presença do público. As forças de segurança montaram um esquema especial para a sessão do Júri.
As testemunhas começaram a ser ouvidas no início da tarde. Arroladas pelas defesas e acusação, no total, 13 pessoas falam em plenário o que sabem sobre os fatos relacionados ao crime.
Esta não foi a primeira morte no Presídio Masculino daquele ano. Um mês antes da morte de Edson Ramos, um homem de 25 anos foi encontrado enforcado em uma cela e outro preso confessou a autoria do crime. Os dois faziam parte de uma facção criminosa e também cumpriam pena por tráfico. A suspeita é que nos dois casos as mortes tenham sido motivadas por um acerto de contas.