A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul investiga o caso de um homem de 32 anos que agrediu com empurrões uma menina negra de 4 anos e uma mulher de 69 dentro de uma escola municipal de Campo Grande, na última segunda (11). A criança é aluna, e a mulher é a diretora da unidade de ensino. O caso é investigado pela Polícia Civil que, até o momento, diz que não vê indícios de racismo.
O caso ocorreu às 7 horas da manhã da segunda-feira (11). O pai acompanhava a entrada do filho, do lado de fora do colégio e viu quando a menina se aproxima do colega e o abraça. Ele pediu que alguém os afastasse.
Como não foi atendido, entrou no colégio e empurrou a diretora que tentou impedi-lo de avançar, além de afastar a menina de 4 anos de perto de seu filho, também a empurrando. Ele ainda aponta o dedo para a criança e parece dizer algo -não há áudio-, antes de deixar o local levando o filho.
O homem levou seu filho para o lado de fora, mas resolveu voltar, pois, “repensou sua atitude”, de acordo com o depoimento do suspeito. Ao chegar na sala da diretora e ver que a mesma estava registrando o ocorrido, ele teria dito ao filho que se caso a menina ou qualquer outra criança se aproximasse dele, que ele poderia bater, informou a Polícia Civil.
A Guarda Civil Metropolitana foi acionada nesse momento e levou os envolvidos para a DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), onde foram ouvidos. As autoridades ainda fazem análise do vídeo da câmera de monitoramento da escola.
De acordo com os investigadores, “até o presente momento, não surgiu qualquer indício de racismo”. Apologia ao nazismo e racismo são crimes que possuem penas de um a três anos de reclusão e multa.
Os pais da criança vítima do empurrão buscam um outro colégio para a filha, de acordo com a defesa da família.
— Os pais não querem mais a filha na escola. Se o acusado foi capaz de agredir por um abraço não sabemos do que mais seria capaz — informou uma das advogadas.
Homem compartilhou foto com imagens de bandeira nazista
Durante as eleições em 2018, o homem compartilhou uma foto com duas impressões com imagens de uma bandeira nazista e uma arma, em que a legenda dizia: “Morte à negrada”.
Ataque nas redes
Após descobrirem o Facebook do suspeito, internautas revoltados com o caso “inundaram” as postagens dele com ameaças e xingamentos. O homem ocultou suas postagens na rede.
Deputados repudiam atitude do pai
O caso repercutiu entre os deputados estaduais, durante a sessão de quarta-feira (13) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
“Há notícias que o agressor, além de invadir a escola, admitiu ter instruído o filho a agir com violência caso a menina se aproximasse, demonstrando conduta reprovável e possivelmente criminosa”, disse a deputada Glaice Jane. Ela ressaltou o fato de haver postagens nas redes sociais do agressor com símbolos nazistas e a frase “morte a negrada”.
A deputada requereu que seja feita uma investigação completa e detalhada sobre a agressão, as motivações e a possível incidência dos crimes de racismo, violência infantil, incitação de violência contra a mulher e desacato a servidor público.