A noite da última terça-feira (14) foi marcada por um episódio no mínimo vergonhoso na Câmara de Vereadores de Canoinhas. O presidente municipal do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Camargo, protagonizou um tumulto ao usar a tribuna da Câmara para fazer um discurso político-partidário em um ano eleitoral, ação explicitamente proibida pelas regras legislativas.
Camargo, inclusive, havia assinado um documento antes de usar a tribuna se comprometendo a não entrar em questões políticas. O presidente da Câmara, Maurício Zimmermann (PL), havia aberto o espaço para que Camargo falasse sobre o funcionamento da Mundoteca, um importante projeto social da cidade. No entanto, o petista mal citou o tema e aproveitou a oportunidade para atacar seus adversários políticos, demonstrando total desrespeito com a Casa de Leis e com os cidadãos presentes.
Diante da afronta, Zimmermann interrompeu Camargo algumas vezes, lembrando-o do propósito de usar a Tribuna, mas o petista, tomado por seu discurso inflamado, recusou-se a cumprir e continuou com suas provocações. Sem outra alternativa, o presidente da Câmara foi obrigado a suspender a sessão, desligando os microfones do plenário.
A situação se agravou ainda mais quando, ao deixar a tribuna, Camargo se envolveu em um atrito com um cidadão que acompanhava a sessão. Ele literalmente ‘peitou’ o homem, cercando-o com seus correligionários. Para conter o tumulto que se instalou – e evitar que progredisse, quiça para violência, – a Polícia Militar foi acionada, mas felizmente não precisou intervir. De qualquer forma forma, os policiais militares permaneceram até o final da sessão, para que todos saíssem em segurança.
Críticas válidas, mas dentro dos limites do respeito
Embora Camargo, como todo cidadão, tenha o direito de criticar as ações do Executivo, e dos próprios vereadores, usar a Tribuna Livre da Câmara de forma indevida, indo contra as regras da Casa, foi um ato de afronta e desrespeito.
O Partido dos Trabalhadores, que deveria estar atuando de forma responsável e propositiva, poderia ter recorrido a outros meios para expressar suas críticas e discordâncias, como uma nota de repúdio, por exemplo, sem precisar recorrer a subterfúrgio para uso da tribuna para fins político-partidários.
A Câmara, conhecida como “A casa do povo” e não como “Casa da mãe Joana”, é uma instituição regida por leis e regras que devem ser respeitadas. No comportamento de Camargo faltou respeito, dignidade e compostura. Surpreendentemente, até mesmo alguns dos seus correligionários concordaram que ele se excedeu.
Sua atitude, mais próxima de uma criança birrenta do que de um líder partidário, não só mancha a imagem da instituição, mas também da democracia.
A Câmara de Vereadores precisa ser um espaço de diálogo, debate e construção de soluções para o município, e não um palco de ódio e desrespeito. Se a intenção de Camargo era ganhar visibilidade, conseguiu. Infelizmente de forma negativa.