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Brasil corre risco de se tornar inabitável em 50 anos, segundo estudo da NASA

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Áreas do Brasil estão incluídas num estudo que mapeou cinco regiões da Terra onde o calor pode tornar impossível a sobrevivência humana.

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Recentemente, um estudo realizado pela Nasa – National Aeronautics and Space Administration – mapeou cinco regiões da Terra em que o calor pode tornar impossível a sobrevivência humana nas próximas décadas. Entre as regiões chaves estão partes do Brasil.

As análises apontam que, até 2070, regiões específicas como Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste do Brasil poderão enfrentar índices de calor que tornarão a vida extremamente difícil. Nestas áreas, a temperatura combinada com a umidade pode resultar em um clima insuportável para a existência humana saudável.

O alerta de que parte do mundo pode se tornar inabitável veio de um estudo integrado por Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. O trabalho analisou os extremos de calor e umidade e foi publicado na revista científica Science Advances.

Para fazer o estudo, Raymond e seus colegas usaram imagens de satélite e projeções da temperatura de bulbo úmido. Esta medida de conforto térmico considera não apenas a temperatura, mas também a umidade do ar.

É a umidade que aumenta significativamente a sensação de calor. Isso acontece porque a transpiração é um dos principais mecanismos de resfriamento do corpo humano. Porém, quando está muito úmido, o suor não evapora e isso faz com que o calor não seja dissipado.

Com a temperatura igual ou superior 37ºC com mais de 70% de umidade do ar qualquer pessoa pode começar a ter problemas de saúde.

A ciência usa a chamada temperatura de bulbo úmido para demarcar o calor. Estima-se que mesmo a mais saudável das pessoas superaquecerá e poderá morrer se permanecer numa temperatura de bulbo úmido acima de 35ºC por mais de seis horas.

Esses 35ºC de bulbo úmido equivalem a 45ºC com 50% de umidade, o que dá uma sensação térmica de 71ºC.

O corpo consegue se manter suando a 45ºC com 20% de umidade. Porém, se a umidade passar de 40%, essa combinação pode ser letal porque a capacidade de suar e assim dissipar calor, se reduz. Não se sabe quase nada sobre como as pessoas podem ser adaptar à exposição a temperaturas assim por vários dias.

“Pense em quando você sai de um banho quente. A água evapora do seu corpo e você se sente mais fresco. Mas se estiver quente ou úmido (ou ambos) no ambiente, será mais difícil sentir frio. Essa sensação está diretamente relacionada ao que a temperatura do bulbo úmido está medindo”, explicou a Nasa, em uma publicação no site oficial.

Há alguns anos, se considerava quase impossível que essa temperatura de bulbo úmido fosse atingida. No entanto, o estudo mostrou que desde 2005 isso já acontece em alguns lugares do Golfo Pérsico e do Paquistão.

Segundo o estudo, continuada a tendência de aquecimento, essas temperaturas extremas vão se tornar progressivamente mais elevadas e frequentes ao longo das próximas décadas.

A pesquisa estima que, até 2070, calor e umidade vão chegar a patamares extremos a ponto de deixar inabitáveis também o Golfo Pérsico, Mar Vermelho e partes da China, além de Sudeste e Sul da Ásia.