Suelen Aparecida de Melo tinha 31 anos quando foi atacada brutalmente com golpes de faca pelo ex-companheiro, com quem manteve um relacionamento de 15 anos e teve 5 filhos.
Segundo o Ministério Público, o réu não aceitava o fim do relacionamento e, motivado por ciúmes, desferiu, ao menos, quatro facadas, que deixaram Suelen paraplégica.
O crime ocorreu no dia 26 de fevereiro de 2024, por volta das 12h50 e chocou a comunidade local pela violência e frieza com que foi executado. O autor estava morando em São Paulo e chegou à casa da vítima de surpresa. Entrou sem dificuldades, porque a porta estava aberta.
Mesmo após pedidos para não cometer o crime, ele prosseguiu com as agressões, que resultaram nos ferimentos que deixaram Suelen sobre uma cadeira de rodas. O réu chegou a fugir, mas foi preso no mesmo dia. Desde então, cumpria prisão preventiva no Presídio Regional de Blumenau.
“Tudo mudou depois daquele dia. Estava em casa com meu filho mais velho de 15 anos, quando fui surpreendida por ele. Ele entrou na minha casa, me enforcou e me arrastou até a sala, quando pegou uma faca e me golpeou. Sangrei muito. Meu filho viu tudo e pedia o tempo todo para o pai dele parar com as agressões. Minha mãe, que é minha vizinha, tentou intervir, mas também foi agredida por ele”, relembra Suelen.
Após ser esfaqueada pelo ex-companheiro, ela foi socorrida e encaminhada ao hospital, onde passou por cirurgias e ficou internada na UTI por 13 dias. Quando acordou do coma, ela percebeu que não sentia o movimento das pernas.
“O que eu posso dizer para as mulheres que estão em relacionamentos abusivos é: se protejam. Eu tinha medida protetiva contra ele, mas acabei tirando porque ele é o pai dos meus filhos e não queria que ele ficasse manchado com isso. No fim, eu que fiquei”. O alerta para as mulheres que foram ou são vítimas de violência doméstica foi dado por Suelen após ver condenado a quase 19 anos de prisão o ex-companheiro que, em uma tentativa de feminicídio, a destinou a passar o resto da vida em uma cadeira de rodas.
O crime foi registrado no município de Indaial, no Vale do Itajaí. O réu, um homem de 40 anos denunciado pelo Ministério Público, foi condenado pelo Tribunal do Júri a 18 anos e 11 meses de reclusão, em regime inicial fechado.
A sessão, realizada nesta terça-feira (15), no Fórum da Comarca, durou mais de 10 horas e contou com depoimento da vítima e presença de familiares.
A violência extrema sofrida pela vítima lembra o emblemático caso de Maria da Penha, que também ficou paraplégica após sofrer um atentado do então companheiro e se tornou símbolo nacional na luta contra a violência doméstica.
Assista abaixo ao depoimento de Suelen e veja a atuação da Promotoria de Justiça do MPSC diante desse caso de tentativa de feminicídio.
Vida sobre rodas
“Não é fácil viver dessa forma. Em um dia eu estava super bem, de pé, cuidando dos meus filhos, trabalhando. Há um ano e dois meses, minha vida foi transformada por conta de ciúmes e pelo fato dele não aceitar que após o término do nosso relacionamento, eu estava com outra pessoa. Hoje vivo de pensão por invalidez e ainda tenho que criar meus cinco filhos sozinha. Conto com ajuda de familiares, porque tudo ficou mais limitado. Estou viva, mas só eu sei as marcas que carrego dentro de mim”, reflete Suelen.