Na última quarta‑feira, o engenheiro de software turco Orkut Büyükkökten, criador da extinta rede social Orkut, subiu ao palco do South Summit em Porto Alegre (RS), evento de inovação e empreendedorismo, para traçar um panorama sobre a evolução das redes sociais e anunciar seus próximos passos na área.
Em sua palestra, Büyükkökten afirmou que as plataformas atuais perderam seu propósito original.
“Quando as redes sociais surgiram, o objetivo era criar espaços online para reunir pessoas, cultivar amizades e construir comunidades. Com o tempo, se transformaram em plataformas otimizadas para engajar e viralizar”, disse, em entrevista ao g1.
Para o engenheiro, a lógica de métricas de engajamento — curtidas, compartilhamentos e visualizações — acabou por alimentar o narcisismo e transformar a atenção dos usuários em moeda de troca. “Isso provocou o que hoje considero uma epidemia de solidão: as pessoas estão mais isoladas, mesmo conectadas o tempo todo”, avaliou.
Críticas a gigantes do setor
Büyükkökten não poupou críticas a empresas como Facebook, Instagram e TikTok. Segundo ele, seus algoritmos priorizam conteúdos polarizadores e sensacionalistas, em busca de maior tempo de uso e, consequentemente, de receita publicitária.
“Como resultado, começamos a ver muita desinformação, ódio e conteúdo polarizador, o que prejudicou nossos relacionamentos e comunidades. Os algoritmos poderosos transformaram nossa atenção em narcisismo, amizades em moeda de troca e a sinceridade em um teatro de espetáculo”, afirmou.
Nova rede social para combater a solidão
Para reverter esse cenário, o criador do Orkut anunciou o desenvolvimento de uma nova plataforma de mídia social com foco em “conexão, comunidade e positividade”.
O projeto, que Büyükkökten vem mencionando desde 2022, ainda não saiu do papel, mas o engenheiro garantiu que está em fase avançada de prototipação. “Estou construindo um espaço que vai diminuir a solidão e aumentar a qualidade de vida, em contraste com aplicativos como Instagram ou TikTok”, revelou.
Moderação colaborativa em vez de regulação governamental
Ao ser questionado sobre o papel da regulação governamental no combate à desinformação, discursos de ódio e conteúdos criminosos, Büyükkökten defendeu a moderação colaborativa pelos próprios usuários. “As empresas precisam ter a tecnologia necessária, políticas de moderação bem definidas e moderadores disponíveis para garantir que não haja conteúdo ilegal, prejudicial, abusivo ou desinformação. A própria base de usuários faz um trabalho lindo ajudando com a moderação colaborativa”, avaliou.
O South Summit Porto Alegre segue até sexta‑feira, reunindo empreendedores, investidores e executivos de todo o mundo para discutir as tendências que vão moldar o futuro dos negócios e da tecnologia.