A morte do adolescente Hudson Pinheiro Martins Cipriano, de 17 anos, durante uma incursão da Polícia Militar no Morro do Mocotó, região central de Florianópolis, na noite da última sexta-feira (13), gerou revolta na comunidade e versões divergentes sobre o ocorrido.
Enquanto o 4º Batalhão da Polícia Militar (BPM) afirma que houve confronto armado, familiares e moradores sustentam que o jovem era inocente e não tinha envolvimento com o crime organizado. O caso motivou um protesto por justiça na segunda-feira (15).
A versão da Polícia Militar
De acordo com a nota oficial e declarações do Major Otávio, do 4º BPM, a morte ocorreu durante uma operação coordenada pelas guarnições do Tático e da ROCAM (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas). O objetivo da ação era coibir o intenso tráfico de drogas e a atuação de facções criminosas na região.
A PM relata que, durante a incursão, Hudson estaria usando uma balaclava (máscara que cobre o rosto) e portando uma pistola calibre 9 milímetros municiada.
“Durante a tentativa de abordagem, um indivíduo armado […] confrontou as guarnições, as quais, em legítima defesa, frente a uma injusta agressão letal, efetuaram disparos de arma de fogo”, afirmou o Major Otávio.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado, mas o médico constatou o óbito no local. Nenhum policial ficou ferido na ação.
A versão da família e comunidade
Familiares e vizinhos contestam veementemente a versão oficial. Segundo relatos dados à imprensa e durante o protesto, Hudson era um jovem trabalhador que auxiliava a mãe na venda de marmitas e participava de projetos sociais na comunidade.
“Ele não tinha crime nenhum. Simplesmente, era um guri inocente”, afirmou um parente. A família nega qualquer envolvimento dele com o tráfico de drogas ou facções.
O adolescente, que havia completado 17 anos há pouco mais de um mês, era estudante e trabalhava como ajudante de pedreiro, além de auxiliar a mãe na venda de marmitas.

Sua trajetória na comunidade era marcada pela participação em projetos sociais. Segundo relatos, Hudson havia acabado de ser aprovado em um processo seletivo para trabalhar no Grupo Mittos, um projeto social que atua no Morro do Mocotó. Seu primeiro dia de trabalho seria justamente na segunda-feira, dia do protesto da comunidade.
O Projeto Social Tem Capoeira no Samba manifestou pesar pela perda do jovem, que era aluno da iniciativa: “Sagu era um menino alegre e extrovertido, que contagiava a todos com seu sorriso e sua energia. Que sua memória traga paz e conforto aos corações de todos!”.
Clamor por Justiça
O clima na comunidade é de luto e indignação. “A minha mãe não consegue falar, minha família, ninguém consegue. Eu não tive força ainda. Foi vítima e eu quero justiça”, desabafou outro familiar.
A Polícia Científica e a Delegacia de Homicídios estiveram no local para realizar a perícia e recolher os materiais relacionados à ocorrência, que foram encaminhados à Central de Plantão Policial (CPP).
O 4º BPM informou que, como é praxe em casos de confronto com resultado morte, foi instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias dos fatos. A Polícia Civil também deve investigar o caso.





















