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A origem da ridente e faceira Santa Cruz de ‘Canoinhas’

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Em 12 de setembro de 1911, foi desmembrado o Distrito de Canoinhas de Curitibanos, elevando a sede do município à Vila.

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Em época distante (aproximadamente em 1847), comerciantes de Curitiba, em acordo com fazendeiros gaúchos, abriram uma estreita mas extensa picada, a qual partindo de Rio Negro seguia para o Rio Grande do Sul.

Combinaram os curitibanos com os vendedores gaúchos, um acampamento onde iam esperar os amigos sulinos com as reses (animais que são abatidos e cuja carne é usada na alimentação).
O local desse acampamento foi denominado pelos riograndenses de ‘Curitibanos‘, nome que foi conservado até nossos dias, sendo atualmente o município de Curitibanos. Na grande picada aberta, para transpor o grande rio, os curitibanos construíram minúsculas canoas, que só podiam transportam um homem.
Quando se referiam a esse rio diziam lá nas canoinhas“. E foi assim que ao grande rio foi dado o nome de Canoinhas. Denominação que, muitos anos depois, foi batizada a povoação construída à margem do mesmo. As canoinhas dos curitibanos transpunham o rio quase entre as nascentes, nas proximidades da Serra do Espigão.
Foi pelo Rio Canoinhas que aqui aportaram os primeiros colonizadores. Aproximadamente em 1892, subiram o rio em canoas vindas do Paraná, algumas pessoas destemidas, que chegaram até o lugar onde hoje se estende, faceira, a cidade de Canoinhas.
Das pessoas que vieram na expedição de 1892, alguém fixou residência no território então pouco explorado: Francisco de Paula Pereira.
Em uma pequena barca à margem do rio, se instalou o iniciador da transformação de um sertão bravio em uma bonita e ridente cidade.
Aos poucos, novos companheiros a ele se aliaram, entre eles João Mariano da Luz, Manuel Ferreira de Lima, Camilo Carneiro, Manoel Gravi e Gustavo Waechter, este o primeiro comerciante do povoado.
No alto do morro, um visionário havia plantado uma grande cruz, feita de madeira lascada. Os povoadores construíram sobre ela uma capela.
Canoinhas em 1926. Foto: Acervo de Guerda Loeffler

Com o progresso que começava a dominar a nova localidade e seus arredores, o governo catarinense criou, em 1904, o Distrito de Santa Cruz de Canoinhas.

Foi nesse tempo que começou o povoado a ter algumas autoridades, sendo nomeado Delegado de Polícia, pelo governo barriga verde, o Capitão Roberto Elke,  juiz de paz o Sr. Miguel Pereira e na função de 1º escrivão, o Sr. João da Cruz Krailling.
O combate ao banditismo começou a ser feito com mais eficiência, principalmente no interior, onde abundava grande número de criminosos foragidos da justiça paranaense.
Pelo Coronel Vidal Ramos, que na época ocupava a suprema magistratura do estado, foi assinada a Lei nº 907 de 12 de setembro de 1911, desmembrando o Distrito de Canoinhas de Curitibanos e elevando a sede do município a Vila.
O município de Santa Cruz de Canoinhas, com entusiásticos festejos populares, foi então solenemente instalado, em 6 de dezembro de 1911, tendo como primeiro Superintendente (Prefeito) Manoel Tomás Vieira – o Major Vieira, de 6 dezembro de 1911 à julho de 1918.
Tornou-se Comandante da Guarda Nacional local e desempenhou importante papel na delimitação do território do município.
Em sua administração, eclodiu na região de Canoinhas a Guerra do Contestado (1912-1916), gerada por diversos fatores (sociais, políticos, econômicos e messiânicos).
Canoinhas foi envolvida no conflito, principalmente em 1914 e 1915, quando várias vezes a vila e povoados do interior foram atacados pelos revoltosos, tendo recebido mais de 2.000 soldados na disputa do território entre Paraná e Santa Catarina.
Grupo de autoridades em Santa Cruz de Canoinhas, poucos dias antes do ataque dos guerrilheiros (1914).
Grupo de autoridades em Santa Cruz de Canoinhas, poucos dias antes do ataque dos guerrilheiros (1914). Tomás Vieira é o sétimo da direita para a esquerda. Foto: Memória Política/Alesc

A população, líderes e pessoas influentes reagiram aos ataques em luta armada e o Prefeito Manoel contava com pequeno grupo do Regimento de Segurança de Santa Catarina, uma unidade de soldados do 16º Batalhão de Infantaria do Exército e grande número de civis para resistir à investida.

O primeiro ataque a vila aconteceu na noite de 14 para 15 de julho de 1914.

Após o segundo ataque à vila, dia 17 de julho de 1914, Tomás Vieira fugiu. Diante dos acontecimentos a vila transformou-se numa praça de guerra e restaram muitos mortos.

Depois do conflito, Canoinhas se desenvolveu e o município teve sua economia reativada pelo extrativismo vegetal da erva-mate e madeira.

Somente em 20 de outubro de 1916, o acordo entre os dois Estados foi assinado e o município foi incorporado ao território catarinense.

Manoel Tomás Vieira faleceu em 3 de junho de 1927, em Canoinhas.