Imagem de satélite mostra o maior raio do mundo, em extensão: ele cortou o Sul do Brasil percorrendo uma distância de 709 km. Foto: OMM/ Divulgação |
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), anunciou nesta sexta-feira (26), que um raio com 709 quilômetros em uma linha horizontal que atingiu o Sul do Brasil, em 31 de outubro de 2018, bateu o recorde oficial de mais extenso registrado no mundo.
As cidades que o raio se espalhou vão desde São Miguel do Oeste, passando por Pinhalzinho, Xanxerê, Chapecó, Concórdia e Campos Novos. No extremo Sul do estado, o raio também se ramificou por Lages, São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Criciúma, Sombrio e Passo de Torres\”, afirma a professora e pesquisadora Rachel Albrecht, do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo, que participou do comitê avaliador da OMM deste fenômeno extremo.
O raio cruzou a divisa do Norte do Rio Grande do Sul com a Argentina, percorrendo o Rio Grande do Sul e Santa Catarina e adentrando no Oceano Atlântico. Não é pouca coisa, já que a maioria dos relâmpagos tem somente algumas dezenas de quilômetros.
A visibilidade do fenômeno foi dificultada porque ocorreu durante a manhã. Mas, os moradores podem ter visto sim\”, disse a professora.
O novo recorde foi estabelecido devido a uma nova tecnologia de imagens. A pesquisadora explica que o mapeamento de raios foi feito por satélite, com um sensor que detecta fontes de descargas elétricas a cada 2 milissegundos e que são agrupadas para mapear o fenômeno.
Assim nós conseguimos reconstruir todo o caminho percorrido pelo raio, demora vários segundos e viaja centenas de quilômetros\”, disse.
Também é provável que essa mudança recente de recorde não seja a última, já que toda a região Norte da Argentina, Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam esses raios extremos, chamados de \”megaflashes\”.
Essas regiões estão propensas à formação de tempestades severas com enorme extensão horizontal (várias centenas quilômetros), o que contribuiu para que esses recordes de distância e de tempo fossem registrados nestes locais. Nessas condições, uma única descarga elétrica viaja por muito tempo e por longas distâncias dentro das nuvens\”, explica.
O título de maior clarão da história foi comemorado entre os pesquisadores. \”Este recorde nos traz informações valiosas para o estabelecimento de limites das escalas de tempo e área de influência dos raios, que são importantes para as questões de engenharia, segurança pública e científicas, como por exemplo, as mudanças climáticas\”, afirmou a pesquisadora.