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Jovem morre após reação grave durante tomografia com contraste em SC

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Paciente sofreu choque anafilático durante tomografia em hospital; especialistas reforçam que reações graves ao contraste são raríssimas, mas exigem protocolos de segurança.

A jovem Leticia Paul, de 22 anos, morreu na quarta-feira (20) após sofrer um choque anafilático – uma reação alérgica grave – durante uma tomografia com contraste realizada em um hospital de Rio do Sul, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. A causa da morte foi informada por familiares.

De acordo com a tia da jovem, Sandra Paul, Leticia chegou a ser entubada após o exame no Hospital Regional Alto Vale, mas não resistiu. O óbito ocorreu menos de 24 horas depois do procedimento. A família relatou que Leticia, que era de Lontras, cidade vizinha, fazia o exame com rotina devido a um histórico de pedras nos rins.

Em nota, o Hospital Regional Alto Vale informou que “lamenta a perda e se solidariza com a família”. A unidade reforçou que “todos os procedimentos são conduzidos em conformidade com os protocolos clínicos recomendados”, reafirmando seu compromisso com a “ética, a transparência e a segurança assistencial”.

Reação a contrastes é rara, diz especialista

Os contrastes são substâncias químicas geralmente utilizadas em exames de imagem, como ressonância, tomografia e radiografia, com o objetivo de realçar áreas específicas do corpo para um diagnóstico mais preciso.

O médico Murilo Eugênio Oliveira, especialista em radiologia e diagnóstico por imagem, explicou que o método é considerado seguro e que há diversos estudos que comprovam sua eficácia.

Ele ressaltou, no entanto, que reações adversas à substância existem, mas são raras, especialmente as consideradas graves, como a que vitimou Leticia Paul.

De acordo com estudos, reações leves ao contraste iodado moderno ocorrem em até 3% dos pacientes. Já os casos graves são raríssimos, variando de 0,01% a 0,04%. No caso do gadolínio, usado em ressonâncias, a taxa de reações graves é ainda menor, em torno de 0,001%.

Quem está mais vulnerável

Pacientes com histórico de alergias diversas ou de asma estão entre os grupos mais vulneráveis. O radiologista Augusto Villela Polonia acrescenta que pacientes renais e cardíacos exigem cuidados redobrados.

“Nos rins, há risco de sobrecarga ou lesão associada ao contraste iodado. Já nos cardíacos, qualquer reação grave pode gerar instabilidade hemodinâmica mais acentuada”, afirma.

Sintomas: do leve ao grave

Os sintomas de uma reação adversa ao contraste podem surgir imediatamente ou em até algumas horas após o exame. Segundo Ensina, eles são divididos em três grupos:

  • Leves: náusea, vômito, calor, coceira, urticária.
  • Moderados: taquicardia, broncoespasmo, edema facial, queda leve de pressão.
  • Graves: choque anafilático, edema de glote, dificuldade respiratória severa, risco de morte.

Por isso, o protocolo prevê que clínicas e hospitais tenham equipes treinadas e medicações disponíveis para agir de forma imediata.

Protocolos de segurança

Antes do exame, os profissionais devem realizar uma entrevista detalhada com o paciente. O histórico de alergias, uso de medicamentos (como metformina) e presença de doenças renais ou cardíacas precisam ser informados.

Segundo a cirurgiã, esse cuidado não deve ser responsabilidade apenas do paciente. “Não é o paciente que tem que lembrar de avisar. O laboratório e a equipe de saúde precisam investigar ativamente e seguir protocolos de segurança”, diz.

Durante o exame, a equipe mantém prontos adrenalina, corticoides, anti-histamínicos e equipamentos de suporte ventilatório. “Existe sempre um time preparado para agir rapidamente em casos de reação. Essa resposta imediata pode ser decisiva”, reforça Polonia.