No apanhado do trabalho, cerca de 80% das amostras estavam com problemas, sendo o principal o teor de álcool etílico inferior ao que é exigido de produto antisséptico. Foto: Marcos Solivan/Sucom-UFPR |
Chamado popularmente de “falsificado” ou “fake”, o álcool em gel com fórmula não apropriada para fins antissépticos, mas que é vendido como tal, continua um problema para o brasileiro durante a pandemia de Covid-19.
Das 28 amostras entregues pela comunidade até outubro, 21 tinham percentual de álcool etílico abaixo do recomendado. Cinco amostras apresentaram teores de álcool inferiores a 40%.
Para eliminar o novo coronavírus, o álcool antisséptico precisa ter de 68% a 72% de álcool etílico na fórmula, em geral combinada com água.
O Laboratório continua recebendo amostras do Brasil todo para a avaliação da composição dos produtos por meio de espectrometria.
Qualificação
O alto percentual de produtos adulterados tem intrigado os cientistas do LabRMN. “Entender qual o motivo do problema é a pergunta de um milhão de dólares. Está difícil de entender. Porque álcool etílico é barato”, avalia o professor Andersson Barison, do Departamento de Química da UFPR e um dos docentes responsáveis pelo laboratório.
O professor acredita que as marcas que que enfrentam mais problemas em garantir a qualidade do álcool 70 são as de fabricantes de ocasião, que decidiram atender à demanda pelo produto no início da pandemia no Brasil, em março.
A Anvisa ainda exige que fabricantes analisem o álcool antes da comercialização, para atestar “padrão de qualidade para uso humano”. No entender de Barison, nem todos os novos fabricantes conseguem fazer isso. Um indicativo disso é que fabricantes têm procurado a testagem gratuita da UFPR.
“Achamos que tem ocorrido erro na fabricação. Ou seja, falta de pessoal qualificado para fazer o álcool em gel, pois não é só misturar álcool etílico é água. As marcas picaretas, aquelas que colocam só um pouco pra dar cheiro de álcool são poucas”.
Como pedir teste
Para solicitar a análise, basta entregar entrar em contato através do e-mail alcoolgel@c3sl.ufpr.br e levar uma amostra do produto à guarita do Centro Politécnico da UFPR (Av. Cel. Francisco H. dos Santos, 100, Jardim das Américas).
Quem não mora em Curitiba pode enviar amostra pelo correio — apenas um mililitro é suficiente para o teste –, informando dados pessoais e de contato. O resultado é encaminhado por e-mail.