Em coletiva de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina, referente aos ataques na creche em Saudades, no oeste catarinense, na manhã desta terça-feira (4), o delegado Jerônimo Ferreira disse que o autor dos crimes “é um jovem problemático, introspectivo e sofria bullying na escola”. A coletiva foi transmitida pelo Youtube no início da noite de hoje.
“É aquele jovem que se tranca no quarto e ninguém sabe o que ele esta fazendo no computador”, disse o delegado. “Eu espero poder interrogá-lo para entender a motivação do crime”.
O adolescente, identificado como Fabiano Kipper Mai, tentou o suicídio logo após cometer os crimes. Ele foi socorrido em estado gravíssimo e passa por cirurgia em hospital de Chapecó.
De acordo com o delegado Ferreira, os pais e a irmão do jovem ainda não prestaram depoimento oficial, somente foram ouvidos in-loco.
Segundo os familiares, o adolescente não queria ir à escola por motivos de bulling, tinha poucos amigos, dois quais se afastou nas últimas semanas, e não era de sair. Ele também não tinha celular mas comprou duas facas sofisticadas recentemente, que usava para maltratar animais.
“Ninguém sabia, aparentemente, o que o jovem pretendia fazer. A gente vai trabalhar, investigar, e o principal objetivo é entender a motivação desses crimes. Ele não tinha passagens pela polícia”, informou o delegado.
As duas armas brancas compradas pelo jovem foram encontradas com ele, porém Fabiano só usou a adaga para os crimes, disse o delegado, a outra permaneceu na cintura.
“É um facão sofisticado, quase parece uma espada, e bem pontudo. Ele estava com uma faca menor, também sofisticada. Algumas pessoas relataram tiros, mas eram artefatos explosivos, bombinhas pequenas para fazer barulho”, detalhou o delegado.
Na casa de Fabiano Kipper Mai, a polícia encontrou as embalagens dessas armas brancas compradas recentemente, segundo o delegado.
No local também foi apreendido o computador do jovem, que deve ser periciado, e foi encontrado R$ 11 mil em dinheiro, de salários que o assassino guardava. Ele trabalha em uma empresa de produção de roupas.
MÚLTIPLAS LESÕES NAS VÍTIMAS
O laudo cadavérico ainda vai ser confeccionado por um perito médico legista, mas laudos preliminares apontam que todas as vítimas receberam pelo menos cinco golpes de uma espécie de adaga (arma branca pontiaguda, de um ou dois gumes mais larga e maior que o punhal).
Majoritariamente os golpes foram perfurantes. Os bebês acabaram tendo mais ferimentos. Eles estariam estariam dormindo durante o ataque.
Uma das crianças teve três perfurações no abdome, duas no toráx e uma nas costas. Outra teve duas perfurações nas costas, uma no glúteo e duas no tórax.
A terceira criança teve duas perfurações na perna direita, quatro nas costas e uma no braço.
A professora Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos,foi golpeada duas vezes na perna, quatro vezes nas costas e uma vez no braço.
A agente educacional, Mirla Amanda Renner Costa, de 20 anos, que chegou a ser socorrida com vida, mas morreu no hospital, foi atingida duas vezes no abdomem.
Um menino de 1 ano e 8 meses, também ficou ferido e precisou passar por cirurgia. Segundo o pai, o estado de saúde da criança é grave.
A polícia ainda tenta entender a possível motivação do crime. “O objetivo maior é traçar o perfil e ver o que podemos fazer para prevenir outros casos assim”, disse o delegado.
Fonte: Secretaria de Segurança Pública