O salário mínimo está perdendo poder de compra rápido ao longo do ano, conforme a inflação avança e torna os itens do dia a dia mais caros.
Desde janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o indicador oficial de inflação da baixa renda, já subiu 5,9%, numa das maiores altas para o período em duas décadas.
Com isso, o salário mínimo, que foi reajustado pela última vez em janeiro, já perdeu R$ 62 de seu poder de compra: descontada a inflação, os R$ 1.100 de janeiro são o equivalente, hoje, a R$ 1.038, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Já a Selic (taxa básica de juros da economia) atualmente em 5,25%, deve terminar o ano em 8%, segundo a mais nova projeção da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal.
A Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação, isso quer dizer que caso a inflação esteja alta, o Banco Central aumenta a taxa de juros.
De acordo com o Relatório de Acompanhamento Fiscal de setembro, divulgado ontem (quarta-feira,14), a alta da inflação e as ações do governo na área fiscal, especialmente em relação ao teto de gastos, provocaram essa revisão da IFI sobre a taxa básica de juros.
De acordo com o relatório, a inflação alta, até agora, ajudou a maquiar a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto). Isso ocorre porque quando a inflação sobe, o PIB nominal aumenta, o que gera uma sensação de melhoria fiscal, apesar de não haver fundamentos para isso.
Com o tempo, a necessidade de aumentar a taxa de juros para conter a alta da inflação começa a anular os ganhos observados desde o início do ano.
A instituição alerta para a probabilidade elevada de um quadro econômico deteriorado no segundo semestre de 2021 e em 2022.
Os riscos incluem o aprofundamento da crise hídrica e energética, a alta dos juros, o avanço de uma agenda de reformas que podem piorar o sistema tributário e tornar menos claras as regras fiscais e o quadro geral da pandemia.