Um estudo realizado pela Universidade do Vale do Taquari em Lajeado, no Rio Grande do Sul, aponta que folhas de erva-mate podem funcionar como herbicidas naturais.
Os dados mostram que um extrato da erva pode ser usado contra a buva, uma espécie que infesta as lavouras do país, principalmente a soja. O artigo foi publicado no South African Journal of Botany, o jornal oficial da Associação Sul-Africana de Botânicos, que publica artigos que fazem uma contribuição original para qualquer campo da Botânica.
“Nós escolhemos a buva justamente por causa disso, porque é uma planta que causa danos principalmente para as lavouras de soja. É uma planta que, em razão de ela ser uma invasora desses sistemas agrícolas, tem-se aplicado muito produto químico para o seu controle e, além disso, ela vem desenvolvendo resistência para esses herbicidas, sendo necessário mais aplicações, novos produtos para o seu controle”, explica a professora de botânica da Universdade, Elisete Maria de Freitas.
O uso da erva-mate como defensivo natural seria uma alternativa mais sustentável. Como a região é uma grande produtora deste vegetal, os pesquisadores resolveram testar seus efeitos no controle da buva.
Em primeiro lugar, foi criado um extrato da folha da erva-mate. O produto foi misturado com água, que é aplicado diretamente na planta invasora, e o efeito surpreendeu os pesquisadores.
“Ele é de maneira prática de preparo, de fácil acesso para toda a população, principalmente para os viveiristas que produzem a erva-mate e conseguem fazer esse preparo em casa”, diz a doutoranda em biotecnologia Fernanda Bruxel.
Quando plantas invasoras adultas foram expostas ao extrato produzido com erva-mate pelos pesquisadores, elas apresentaram danos em vários tecidos, seis horas após a exposição. Os resultados do estudo confirmaram o efeito tóxico do extrato criado com a erva sobre a germinação e o crescimento da buva e, ainda, sobre os tecidos das folhas de plantas adultas.
“São benefícios ambientais, benefícios econômicos, e ainda a gente tem que ressaltar que é a valorização de uma espécie que é nativa. A nossa biodiversidade são as plantas que estão aqui, são as espécies nossas e a gente pode valorizar”, completa Elisete.