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Fraudes em licitações em Canoinhas tem ‘colossais valores envolvidos”

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Veículos, de valores bem altos, foram supostamente ‘doados’ para assegurar resultado de procedimento licitatório.

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A prisão, nesta terça-feira (29), do prefeito e vice de Canoinhas, e de pelo menos mais 12 envolvidos/investigados na 7ª fase da Operação Et Pater Filium, tem por trás denúncias de crimes de corrupção passiva, fraude a procedimentos licitatórios e embaraçamento de investigação relacionada a organização criminosa.

No quesito de fraudes em licitações, mais relevante do que o número dos procedimentos “são os colossais valores envolvidos”, diz documento do Ministério Público, que apesar de ter dados sigilosos, de alguma forma vazou e circula em grupos de WhatsApp.

Automóveis avaliados em seis dígitos foram supostamente ‘doados’ para assegurar resultado de procedimento licitatório.

Ainda segundo o Ministério Público, Beto Passos recebeu de presente um veículo Jeep Compass da esposa do seu secretário de Desenvolvimento Econômico, Fabiano Freitas. A esposa vem a ser filha de Joselde Cubas Batista, proprietário das Organizações Cubas de Comunicação (entre elas a Rádio Clube de Canoinhas). Recentemente Passos alugou um imóvel das Organizações Cubas para onde mudou a Secretaria de Obras.

Os valores movimentados pelos investigados também são de assustar. Especificamente quanto ao vice-prefeito, Renato Pike, Adoniran José Gurtinski Borba Fernandes (sobrinho de Pike) e Sidnei José Teles (funcionário da revenda de automóveis do vice-prefeito), a quantidade de dinheiro movimentada, na casa de dezenas de milhões em cinco anos, é de causar alarme, cita o documento do MPSC. “Nem no cenário mais fantasioso seria possível movimentar tamanha quantia em tão pouco tempo”.

Nas informações obtidas com a quebra de sigilo bancário, consistentes na movimentação de conta corrente da empresa registrada em nome do funcionário de Renato Pike, por exemplo, em cinco anos ultrapassou R$ 11 milhões de reais.

DESVIOS

Nas declarações (leia-se delações) do prefeito de Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti, Beto Passos e Renato Pike recebiam pelos acertos com os empresários do Coletivo Santa Cruz de Canoinhas, 10% do montante dos pagamentos feitos pelo município, sendo que parte desse montante também era direcionado a Diogo Carlos Seidel, secretário de Administração e Finanças de Canoinhas.

Foto: Ministério Público de Santa Catarina/Divulgação

Sobre o crescimento patrimonial de Gilberto dos Passos, este declarou em 2016, possuir cerca de R$ 157 mil em valores e bens, e depois de 4 anos como prefeito, percebendo vencimentos de R$ 13.474,17, declarou a propriedade de R$ 923 mil reais.

Na aquisição de um imóvel, por declarados R$ 700 mil, adquirido de Tânia Gomes do Vale, esta passou a ocupar cargo comissionado na prefeitura. Essa compra foi mencionada por Adelmo Alberti e mais duas testemunhas, como sido efetuada com dinheiro de origem ilícita e com a promessa de entrega de cargo a vendedora.

Pesa também sobre o prefeito, a aquisição de um posto de combustíveis no centro de Canoinhas utilizado suspostamente para branquear os desvios referentes ao procedimentos licitatórios fraudados (leia-se lavagem de dinheiro).

Beto Passos e Renato Pike foram conduzidos para os presídios regionais de Jaraguá do Sul e Joinville. Os demais foram levados para a Unidade Prisional de Canoinhas. 

As prisões aconteceram por conta da deflagração da sétima fase da Operação Et Pater Filium, efetuadas pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), por meio da Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos, do Grupo Especial Anticorrupção (GEAC) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).

O trabalho é fruto do desdobramento das investigações realizadas das fases anteriores da Operação Et Pater Filium em que se apuraram crimes contra a administração pública e outros na região do planalto norte, envolvendo agentes públicos e particulares.