Nesta terça-feira (29), não se fala em outra coisa a não ser a prisão preventiva do prefeito municipal de Canoinhas, Gilberto dos Passos, do vice-prefeito, Renato Jardel Gurtinski, juntamente com empresários e servidores públicos (veja abaixo algumas das acusações pelas quais serão investigados). Ambos foram presos logo pela manhã, em suas respectivas residências.
Além do prefeito e vice, foram emitidos mandados de prisão preventiva contra Márcio Paulo dos Passos, (irmão do prefeito) Nilson Antonio de Oliveira Cochask (ex-secretário de Obras), Joziel Dembinski, Amanda Suchara (servidora pública), Adoniran José Gurtinski Borba Fernandes (sobrinho de Renato Pike) e Sidnei José Teles (funcionário da revenda de automóveis do vice-prefeito).
As prisões temporárias foram decretadas para o secretário de Administração, Diogo Seidel, Rodrigo Dams, Wilson Dams, Carlos Eduardo Dams, Wilson Osmar Dams Filho (empresários do Coletivo Santa Cruz), além de Gustavo Lima Rocha e Eduardo Lima Rocha.
As prisões aconteceram por conta da deflagração da sétima fase da Operação Et Pater Filium, efetuadas pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), por meio da Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos, do Grupo Especial Anticorrupção (GEAC) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).
O trabalho é fruto do desdobramento das investigações realizadas das fases anteriores da Operação Et Pater Filium em que se apuraram crimes contra a administração pública e outros na região do planalto norte, envolvendo agentes públicos e particulares.
De acordo com o Ministério Público, foram expedidos 14 mandados de prisão e 47 mandados de busca e apreensão nos municípios de Canoinhas, Bela Vista do Toldo, Itaiópolis, Porto União e Bituruna/PR, deferidos pelo Tribunal de Justiça do Santa Catarina, em razão da prerrogativa de foro de um dos investigados.
A ação aconteceu dias depois de terem sido interrogados outros dois envolvidos, Adelmo Alberti e Orildo Severgnini, conforme o Canoinhas Online divulgou com exclusividade no último domingo (27). Aparentemente, houve delação para com os presos na data de hoje.
Durante a prisão preventiva dos investigados, serão apuradas a ocorrência de crimes de corrupção passiva, fraude a procedimentos licitatórios e embaraçamento de investigação relacionada a organização criminosa, susposta empreendidos por Beto Passos e outros.
Alguns dos indícios/suspeitas são:
- Aquisição de veículos particulares com dinheiro público
- Fraude em licitações e contratação direta ilegal
- Irregularidades no contrato de locação de imóvel na Rua Marechal Deodoro para funcionar como garagem de máquinas da prefeitura
- Esquema criminoso relacionado ao transporte de alunos e passageiros
- De acordo com três testemunhas, a aquisição de um posto de combustíveis no centro de Canoinhas foi para ser utilizado para branquear os desvios referentes ao procedimentos licitatórios fraudados (lavagem de dinheiro)
- Crescimento patrimonial do prefeito em apenas 4 anos, visto que tinha vencimentos mensais de R$ 13 mil
- Valores na casa de milhões, movimentados por uma concessionária de veículos do vice-prefeito
- Presentes envolvendo, veículos, por exemplo, em troca de cargos públicos e/ou garantia de resultado de Concorrência Pública (licitação), entre outros.
No caso de três dos investigados, a quantidade de dinheiro que teve movimentação em suas contas é de causar alarme, aponta o Ministério Público: “Todos tem ocupações profissionais que nem no cenário mais fantasioso tornaria possível a movimentação de dezenas de milhões de reais em cinco anos“.
Segundo o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, a prisão preventiva é necessária “visto que a liberdade deles representa grave risco de compromentimento dos atos investigativos, dada sua imersão no arranjo criminoso e o fato de que podem, com grande facilidade, interferir nos elementos de prova ainda não confeccionados”.
Os documentos apreendidos na prefeitura municipal e na casa dos investigados, serão analisados pelas equipes de investigação e apresentados em juízo.
Beto Passos e Renato Pike foram conduzidos para Unidades Prisionais de Jaraguá do Sul e Joinville. Os demais foram levados para a Unidade Prisional de Canoinhas.
Enquanto o alcaide e seu vice seguem presos, Willian Godoy, presidente da Câmara de Vereadores, assume interinamente a Prefeitura de Canoinhas.
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