Morreu na madrugada desta quinta-feira (26), aos 74 anos, Adolfo Kuchlik, relojoeiro que trabalhava fazendo a manutenção de relógios há meio século em Joinville.
No início deste mês, Kuchlik foi destaque em reportagem especial no jornal O Município Joinville. Ele contou que ser relojoeiro não era um sonho. Nascido na região de Canoinhas, no Planalto Norte, cresceu na roça. A família plantava feijão e soja.
Impulsionado pelo pai, fez um curso por correspondência para exercer a profissão, se formando aos 24 anos. “Ele dizia que era para eu ter uma profissão, para sair da roça”, disse à reportagem.
Na ocasião, mesmo aos 74 anos, as pequenas peças, parafusos e engrenagens não fugiam aos olhos atentos de quem já realizou a tarefa milhares de vezes.“Se eu não consertar, pode jogar fora porque não tem conserto”, afirmou.
Adolfo contou que pegou gosto pelo ofício. Desde então, todas as manhãs, chegava às 8 horas para começar os trabalhos na relojoaria que carrega seu nome, e seguia trabalhando até o meio da tarde, quando volta para casa.
As ferramentas que usava para os consertos variavam de novas às mais antigas. Uma delas, tem a mesma idade do diploma, 50 anos. Ganhou quando finalizou o curso. “É a melhor”, afirmou ele e a filha, Bruna Kuchlik, 31 anos, que seguiu os passos do pai e também é relojoeira.
Com profissionais quase em extinção, Adolfo afirmava com orgulho ser um dos poucos que ainda trabalhava apenas com a manutenção de relógios. Atualmente, muitos relojoeiros compartilham os espaços das lojas com a venda de óculos e joias. Ele, por outro lado, preferiu seguir acompanhado apenas dos tique-taques.
Questionado sobre a possibilidade de se aposentar, afirmou rindo: “O que eu vou fazer em casa? Não gosto de lavar a louça, limpar quintal. Eu vou é arrumar relógio”.
Velório e sepultamento
O velório de Adolfo está sendo nesta quinta-feira (26), na capela do cemitério Dona Francisca. O sepultamento acontece amanhã às 9 horas.