De acordo com a acusação, descrita pelo Ministério Público de Santa Catarina, e após investigações, há indícios suficientes de que os denunciados Luiz Alberto Benso, Daniel Pereira, Jânio da Silva, Adriano Cordeiro e Samuel Carvalho, de forma livre e conscientes, mataram o ex-secretário municipal de Major Vieira, Sérgio Roberto Lezan, mediante disparos de arma de fogo, atingindo-lhe as regiões da cabeça, do pescoço e dorso, causando-lhe ferimentos os quais foram causa de sua morte por traumatismo crânio encefálico.
O empresário Luiz Benso seria o mentor intelectual (mandante) do crime. Segundo a denúncia, ele teria se associado ao denunciado Daniel Pereira, o qual é apontado também como mentor intelectual do delito, fornecendo suporte de planejamento e logístico para que o crime fosse devidamente executado.
O homicídio aconteceu no dia 14 de junho deste ano e o empresário do ramo da soja, Luiz Alberto Benso, de 65 anos, foi preso em agosto. Desde então a defesa já impetrou pelo menos dois habeas corpus, com pedido liminar. Todos foram negados.
Os defensores argumentaram a desnecessidade da prisão cautelar, “uma vez que o paciente é pessoa idosa, primário, colabora com as investigações e não se eximirá de responder ao processo”. Nenhum dos argumentos foi aceito.
No último pedido de liminar, o Tribunal de Justiça de SC fez uma citação, ao negar o habeas corpus, que até então não era de conhecimento público.
Durante as investigações, foi possível constatar que os suspeitos estariam planejando um segundo “trabalho”, provavelmente outro homicídio.
“É imperioso registrar, conforme dados extraídos do telefone celular do investigado Jânio da Silva, mais especificamente da conversa entre Jânio e outro homem, que a morte de duas pessoas que residiam no Município de Major Vieira havia sido contratada (uma delas já se sabe que era Sérgio Roberto Lezan).
“Assim, se qualquer autor ou partícipe do crime permanecer em liberdade, outra pessoa estará com a sua vida em risco, podendo ser morta a qualquer momento“, diz o relatório, não citando, obviamente, o nome desta segunda pessoa. O processo corre em segredo de justiça.
Ao negar a liberdade para o fazendeiro, o desembargador Olindo Menezes, cita que a prisão é necessária em razão de que Benso supostamente utiliza de sua situação financeira para silenciar seus comparsas e assegurar sua impunidade em relação aos seus atos criminosos, causando assim prejuízos imensuráveis para a investigação.
Uma ex-namorada do empresário, ouvida como testemunha no processo, contou que em certa ocasião Benso teria dito que “se por acaso algum dia precisasse matar alguém, ele mandaria matar, e bancaria tudo, advogado e tudo mais, assim a outra pessoa iria para a prisão, e depois que saísse da cadeia ele deixaria a pessoa bem financeiramente”.
No dia 12 de julho, quase um mês após o crime, Benso subscreveu um cheque de R$ 50 mil reais em nome de um advogado criminalista, que logo após assumiu a defesa de um dos denunciados, apontou a investigação.
INVESTIGAÇÃO
As diligências para descobrir o motivo do crime seguiram sob responsabilidade da DIC de Canoinhas. Para a polícia, a motivação seria vingança. Luiz Alberto Benso acreditava que, de alguma forma, Sérgio Lezan teria algum tipo de culpa no suicídio de sua filha, ocorrido em 2017. Já para Daniel Pereira, também suspeito de ser mentor intectual do crime, a motivação teria sido um briga de Lezan com seu pai (pai de Daniel), no passado.
No total, a Polícia Civil prendeu oito pessoas. Três delas, porém, foram liberadas e respondem em liberdade. Relembre as prisões e participação de cada suspeito.
O CRIME
Sérgio Roberto Lezan, de 56 anos, foi morto com tiros a queima-roupa em frente a um ginásio de esportes em Major Vieira, por volta das 11h30 do dia 14 de junho.
Na época, Lezan era ativo na comunidade e desempenhava um forte papel na política, o que cogitou-se a hipótese de o crime estar relacionado.
Ao lado do prefeito Adilson Lisczkovski, ele teria feito o relato que originou a Operação Conta Zerada, deflagrada pelo Ministério Público em setembro de 2021, e que culminou na prisão de Marenize Terezinha Brocco, e seu companheiro, André Patrick Liskoski Oliveira.
O casal, segundo o Ministério Público, teria desviado R$ 200 mil dos cofres públicos do município de Major Vieira.