Um jovem de 18 anos, sob investigação por planejar o assassinato de seus pais em Indaial, Vale do Itajaí, alegou à Polícia Civil que cometeu os crimes devido ao tratamento que recebia, sendo considerado mais um funcionário do que um filho, em relação ao seu trabalho na empresa do pai, uma pequena metalúrgica.
Além do filho do casal, um amigo dele também foi preso por suspeita de envolvimento no assassinato brutal.
O filho expressou insatisfação por ser tratado como “mero funcionário” pelos pais, alegando que isso desencadeou sua revolta, levando-o a decidir “eliminá-los”, conforme relatou o delegado, durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (2).
O rapaz, que trabalhava na empresa do pai, revelou que não gostava de trabalhar nem estudar e que seu pai era excessivamente rígido. Ele confidenciou seu plano ao amigo, oferecendo-lhe uma quantia em dinheiro e um carro da família como pagamento pela participação no crime. O objetivo era criar álibis mútuos, com cada um afirmando que o outro estava em outro lugar na hora do assassinato.
A identificação do filho foi facilitada por câmeras de segurança, que o mostraram tentando ocultar o rosto ao pegar uma faca na cozinha para executar o crime. Familiares reconheceram sua maneira de andar por meio de depoimentos à Polícia Civil.
Contudo, o filho não contava que o pai ouviria o barulho de pessoas dentro da casa e sairia do quarto do casal. No momento em que deixa o cômodo, o pai dá de cara com o amigo do suspeito dentro da casa e o amigo esfaqueia Márcio no pescoço.
Ambos entram em luta corporal e Márcio perde a vida. Ao mesmo tempo, o filho vai até a mãe e a ataca dentro do quarto. A mulher, ouvida em depoimento pelos policiais, não sabia que seu algoz era justamente o filho.
A mulher tentou se defender sozinha, mas acabou golpeada na região do tórax, seis a sete vezes. Na sequência, o amigo do suspeito avança novamente na direção dela e dá facadas.
“O plano era que executassem o crime e, depois do crime, eles iriam servir um como álibi do outro”, disse o delegado. Dessa forma, o amigo falaria que o filho estava na casa dele, e não na residência dos pais, na hora dos assassinatos e vice-versa. A namorada do amigo também diria que o filho estava na casa dele.
Após ser desmascarado, segundo a Polícia Civil, o filho não chorou e sequer demonstrou qualquer reação pela perda do pai. Em interrogatório, disse que não faria aquilo de novo. De acordo com a Polícia Civil, ele se assustou, inclusive, ao saber que a mãe havia sobrevivido.
O delegado afirmou que o inquérito deve terminar nos próximos dias. A investigação aguarda o resultado da perícia do local do crime, necropsia do pai e exame de corpo de delito da mãe.
O jovem passou por audiência de custódia na tarde desta sexta-feira (2) e a Justiça decidiu manter sua prisão temporária por 30 dias. Após a conclusão do inquérito, a prisão pode ser convertida em preventiva.