O conflito no Oriente Médio fez um vítima brasileira. Um adolescente de 15 anos morreu no Líbano após uma série de bombardeios de tropas israelenses. Ali Kamal Abdallah foi atingido no Vale do Beqaa, a 30 quilômetros de Beirute. Esta é a primeira morte de brasileiros no Líbano que o Itamaraty tem conhecimento, desde o início do conflito.
De acordo com o Ministério de Relações Exteriores, o jovem e seu pai, Kamal Hussein Abdallah, de 64 anos, que era libanês e tinha nacionalidade paraguaia, morreram vítimas de um foguete que atingiu a cidade de Kelya.
Pai e filho viviam em Foz do Iguaçu, no Paraná. Hanan Abdallah, irmã do adolescente, conta que os dois foram para o Líbano trabalhar em uma pequena fábrica familiar de produtos de limpeza. “Foi um ataque. Eles morreram trabalhando na pequena fábrica da família”, afirmou.
À RPC, Hanan contou que conversou com o pai na madrugada de segunda-feira, por volta das 5h no horário de Brasília. Ela relatou que o pai estava angustiado e estava tentando conseguir passagens para os filhos voltarem ao Brasil, porque estava com medo.
A jovem tem um bebê e está há mais de um ano sem ver a família. Ela voltou ao Brasil após se casar, há cerca de 2 anos.
Conforme Hanan, o restante da família já tentava voltar ao Brasil. A esposa da vítima e mãe de Hanan, de 49 anos, chegou a Foz do Iguaçu cerca de uma semana.
A embaixada brasileira já está em contato e prestando apoio à família. Na noite desta quarta-feira, a autoridades brasileiras ainda trabalhavam para confirmar as circunstâncias exatas dos óbitos.
Kamal Abdallah morava junto com outros dois filhos em Kelya, Mohamed, de 16 anos, e Iara de 21 anos. De acordo com a família, Mohamed também se feriu no bombardeio, mas sobreviveu e que ele e a irmã estão a caminho do Brasil com previsão de chegada na quinta-feira (26).
Os bombardeios que provocaram pânico e fuga em massa da população, tinham como alvo líderes do Hezbollah. Por outro lado, o grupo extremista afirmou ter atacado vários alvos israelenses, incluindo uma fábrica de explosivos que fica a 60 quilômetros de Israel.
A tensão no Oriente Médio cresce a cada dia. A crise se agravou após uma ação do exército de Israel, que lançou um forte ataque no Líbano ontem (24). Quase 600 pessoas morreram e o número de feridos se aproxima de dois mil. Foi o dia mais sangrento do país desde a guerra de 2006.
Repúdio
Na segunda-feira (23), o governo brasileiro condenou “nos mais fortes termos” os contínuos ataques aéreos israelenses contra áreas civis em Beirute, no Sul do Líbano (foto) e no Vale do Beqaa. O Ministério das Relações Exteriores também recomendou aos brasileiros que deixassem a área conflagrada. O aeroporto de Beirute continua aberto, mas o governo avalia a necessidade de uma operação de repatriação.
Israel e o grupo Hezbollah, do Líbano, têm trocado tiros através da fronteira desde o início da atual guerra em Gaza no ano passado, detonada após um ataque do Hamas, aliado do Hezbollah, mas Israel intensificou sua campanha militar na última semana.
Em nota, o Itamaraty lamentou as declarações de autoridades israelenses em favor de operações militares e da ocupação de parte do território libanês e expressou “grave preocupação” diante das exortações do governo israelense para que civis libaneses evacuem suas residências naquelas regiões.
“O Brasil renova o apelo às partes envolvidas para que cessem, imediatamente, os ataques, de forma a interromper a preocupante escalada de tensões, que ameaça conduzir a região a conflito de amplas proporções, com severo impacto negativo sobre populações civis”.
Segundo o Itamaraty, a embaixada do Brasil em Beirute continua prestando assistência e fornecendo as orientações devidas à comunidade brasileira, com a qual mantém contato permanente.