Órfão de pai, abandonado pela mãe, jovem conseguiu o que parecia impossível

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Programa Novos Caminhos completou 11 anos e coleciona incríveis histórias de superação.

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Parece enredo de filme, mas é real. Quando a mãe e o padrasto de Nelson Matheus foram embora de casa, ele tinha 12 anos, um irmão de 11, uma irmã de 7 meses e apenas R$ 40 na carteira.

O pai biológico havia morrido anos antes, e tanto a avó materna quanto a paterna não tinham bom relacionamento com os netos – elas demoraram meses para descobrir que as crianças estavam por conta própria, numa casinha de madeira, na periferia da Grande Florianópolis.

Coube a Nelson cuidar da família. Catou e revendeu cobre, pediu comida na casa dos vizinhos e, quando não tinha mais nada no bolso nem na geladeira, achou R$ 50 no meio do lixo e gastou tudo em sopa.

Sem saída, tratou de encontrar uma: ligou para o Conselho Tutelar e pediu ajuda. Foi encaminhado a uma casa lar, serviço de acolhimento para crianças e adolescentes em situação de risco pessoal, social ou de abandono.

Nesse período, conheceu duas pessoas que seriam decisivas em sua vida: a juíza Ana Cristina Borba Alves, da Vara da Infância e Juventude de São José, e a professora Maria Teresa Gevaerd. “Elas foram as primeiras pessoas que olharam para mim de verdade, e ambas me incentivaram a estudar”.

Foi a juíza Ana Cristina que lhe apresentou o programa Novos Caminhos, iniciativa idealizada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC) e Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) que completou 11 anos na sexta-feira passada (30).

Nelson Matheus Hubner Frederico, hoje com 26 anos, diz sem titubear: “Se não fosse o Novos Caminhos, provavelmente eu estaria vivendo nas ruas ou morto”. Ele fez vários cursos de qualificação e hoje é estudante de engenharia no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), onde foi aprovado em segundo lugar. Além disso, é professor de matemática numa escola pública. “Mais importante que tudo, o Novos Caminhos ajudou na minha adoção tardia, e hoje eu tenho uma família maravilhosa”, conclui.

Em linhas gerais, o Novos Caminhos oferece aos maiores de 14 anos diversos cursos de profissionalização e articula vagas no mercado de trabalho. Aos menores de 14, prevê ações de saúde, bem-estar e educação de contraturno. O objetivo é estimular a cidadania e a autonomia financeira.  

Em 11 anos, 7.548 jovens participaram do programa e a eles foram ofertadas mais de 15 mil matrículas na educação básica e na educação profissionalizante. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023, decidiu nacionalizar a iniciativa catarinense.  

Em março deste ano, Banco do Brasil, Petrobras, Eletrobras e Vale ingressaram no programa.