Um homem de 45 anos manteve a própria família em cárcere privado em casa na noite de terça-feira (22) em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O atirador, identificado como Edson Fernando Crippa, matou o pai, o irmão e um policial militar a tiros e deixou outras nove pessoas feridas, entre policiais e familiares.
O atirador era esquizofrênico e tinha registro de Colecionador, Atirador e Caçador, para porte de armas (CAC), segundo informações da Polícia Civil e Brigada Militar do Rio Grande do Sul.
A polícia entrou no imóvel na manhã desta quarta-feira, após nove horas de cerco ao local e tentativas de negociação com atirador, que foi morto.
A polícia diz que foi até a casa onde a família estava após receber denúncias de que os pais do atirador, idosos, eram mantidos em cárcere privado. Além do pai e do irmão do criminoso, estavam no local a mãe e a cunhada dele.
De acordo com o tenente-coronel Alexandro Famoso, comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM) de Novo Hamburgo, houve tentativa de negociação e conversa com o atirador, incluindo contato telefônico. O homem, no entanto, só respondia com disparos, segundo o comandante.
Com a chegada dos policiais, o homem abriu fogo e atirou em todas as pessoas que estavam no local, deixando o pai e um policial mortos. Guardas Municipais também estiveram no local e foram baleados. Outros três policiais militares que chegaram como reforços também foram atingidos pelos disparos.
Dois drones dos militares também foram abatidos pelo homem, o que demonstra que ele tinha conhecimento avançado sobre armas, segundo o delegado Fernando Sodré, da Polícia Civil.
Foi através de uma imagem de drone que os policiais viram, na manhã desta quarta-feira (23) que o homem estava morto dentro da casa, após ser atingido por um tiro. O Bope entrou no imóvel e constatou a morte dele.
“Podemos dizer que, o que houve por parte da Brigada Militar e da Polícia Civil foi uma redução de danos. Ele acabou sendo atingido dentro da residência em uma troca de tiros, e ele ainda tinha farta munição”, disse o delegado Fernando Sodré. Para a polícia, era possível que o homem fizesse ainda mais vítimas caso continuasse atirando, já que as negociações não tiveram efeito.
Os três mortos foram identificados como:
- Everton Kirsch Júnior, de 31 anos, policial militar
- Eugênio Crippa, de 74 anos, pai do atirador
- Everton Crippa, 49 anos, irmão do atirador
Os nove feridos foram identificados como:
- Volmir de Souza – baleado, deu entrada no Hospital Municipal de Novo Hamburgo e foi transferido para o Hospital da Unimed
- Cleris Crippa, 70 anos, mãe do atirador – estado grave após ser baleada três vezes
- Priscilla Martins, 41 anos, cunhada – estado grave após ser baleada uma vez
- Rodrigo Weber Voltz, 31 anos, PM – estado grave após ser baleado três vezes
- João Paulo Farias Oliveira, 26 anos, PM – estado grave após ser baleado uma vez
- Joseane Muller, 38 anos, PM – estado estável após ser baleada uma vez, foi transferida para o Hospital da BM
- Eduardo de Brida Geiger, 32 anos, PM – liberado do hospital após ser baleado de raspão
- Leonardo Valadão Alves, 26 anos, PM – liberado do hospital após ser baleado de raspão
- Felipe Costa Santos Rocha, PM – liberado após ser baleado de raspão
Quem era o policial morto
De acordo com a Brigada Municipal, o policial militar Everton Kirsch Júnior estava na corporação desde 2018. Recentemente, se tornou pai. Ele deixa o filho, que tem 45 dias, e a esposa.
Quem era o atirador
Segundo o Chefe de Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Edson Fernando Crippa era CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) e tinha registrado em seu nome quatro armas: duas pistolas, uma espingarda e um rifle. Durante as quase 10 horas de cerco, ele disparou “farta munição” contra os policiais. A perícia localizou na casa pelo menos 300 munições de pistola ainda não deflagradas.
Entre 2002 e 2003, ele trabalhou, em regime temporário, como papiloscopista no Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul. O delegado também afirmou que familiares confirmaram que o atirador tinha diagnóstico de esquizofrenia. Atualmente, Edson trabalhava como caminhoneiro.