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Palha, sabugo, cerâmica: Como era a higiene antes do papel higiênico?

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A ideia de usar papel para esse fim só se popularizou no final do século XIX, quando a Revolução Industrial tornou o papel mais acessível e barato.

A origem do papel higiênico é uma história curiosa que revela a evolução dos hábitos de higiene humana ao longo dos séculos. Embora o conceito de limpeza pós-utilização do banheiro remonte a tempos antigos, o papel higiênico, como o conhecemos hoje, tem uma história relativamente recente e intrigante.

Nas antigas civilizações, as pessoas utilizavam diversos materiais para se limpar após o uso do banheiro. No antigo Egito, por exemplo, eram usados pedaços de tecido, enquanto os romanos utilizavam esponjas presas em hastes e mergulhadas em água salgada.

No Japão, a prática incluía o uso de pequenas varas de madeira chamadas chuugi. Na China, registros mostram que as pessoas utilizavam pedaços de papel, embora sua textura e finalidade fossem diferentes das que temos hoje.

O Papel na China Antiga

O primeiro registro do uso de papel especificamente para higiene pessoal data do século VI na China. Durante a Dinastia Tang, no século XIV, o uso de papel para higiene pessoal tornou-se mais comum, especialmente entre a elite.

Na época, o papel era fabricado manualmente e, por isso, era um bem valioso, usado apenas por pessoas abastadas. Em 1393, a Dinastia Ming produziu cerca de 720.000 folhas de papel higiênico para a corte imperial, indicando o quão sofisticado o uso do papel já havia se tornado entre as classes mais altas.

A evolução do papel higiênico na Europa

Na Europa medieval, o papel era caro e reservado para a escrita. Assim, materiais alternativos, como feno, folhas, musgo, palha e até pedaços de tecido, eram utilizados para higiene pessoal. Com a invenção da imprensa por Gutenberg, o papel se tornou um pouco mais acessível, mas ainda estava longe de ser um material de uso diário para higiene.

A ideia de usar papel para esse fim só se popularizou no final do século XIX, quando a Revolução Industrial tornou o papel mais acessível e barato. Com o desenvolvimento da indústria do papel, começaram a surgir os primeiros produtos específicos para higiene.

A invenção do papel higiênico moderno

O papel higiênico moderno surgiu nos Estados Unidos em meados do século XIX. Em 1857, Joseph Gayetty introduziu o primeiro papel higiênico comercial nos Estados Unidos.

Conhecido como “papel medicinal de Gayetty”, ele era vendido em folhas soltas, impregnadas com aloe vera, e era anunciado como uma medida higiênica e preventiva de doenças. Apesar da inovação, o produto enfrentou resistência do público, que considerava o papel um luxo desnecessário.

Nos anos seguintes, o papel higiênico começou a ganhar popularidade, e outras empresas entraram no mercado. Em 1879, os irmãos Edward e Clarence Scott fundaram a Scott Paper Company, que passou a vender papel higiênico em rolos perfurados, um formato que seria amplamente adotado.

Eles foram pioneiros ao distribuir o produto em massa, incentivando sua aceitação nas residências americanas.

O desenvolvimento do papel higiênico suave e perfurado

Ao longo das primeiras décadas do século XX, o papel higiênico foi melhorado para se tornar mais macio, resistente e absorvente. O papel perfurado, que facilitava a remoção de folhas individuais, foi introduzido no mercado e tornou-se um padrão.

A Scott Paper Company lançou, em 1928, o papel higiênico “Sani-Tissue”, que enfatizava o conforto e a higiene, tornando-o ainda mais popular.

A popularização mundial e a indústria atual

Após a Segunda Guerra Mundial, o papel higiênico tornou-se um item básico nas residências da maior parte do mundo ocidental. Sua produção se expandiu rapidamente para atender à crescente demanda, e o papel higiênico passou a fazer parte do cotidiano das pessoas de forma irreversível.

Hoje, a indústria de papel higiênico é uma das mais robustas no setor de higiene pessoal, movimentando bilhões de dólares anualmente. Diversas inovações foram adicionadas ao produto, incluindo versões perfumadas, recicláveis e de múltiplas camadas, que oferecem diferentes graus de maciez e resistência.

O Bidê: Uma Criação Francesa

  • Origem: O bidê é considerado uma invenção francesa, datando dos séculos XVII ou XVIII. Embora não se tenha um registro preciso de seu inventor, a mais antiga referência escrita sobre o bidê data de 1710.
  • Função original: Inicialmente, o bidê era utilizado pelas classes mais altas para a higiene íntima e para lavar os pés. Com o tempo, tornou-se mais acessível a diferentes classes sociais.
  • Por que sumiu em alguns lugares? A popularidade do bidê variou ao longo dos anos e em diferentes culturas. Na França, seu país de origem, o uso do bidê diminuiu, enquanto em países como Japão e Itália, ele ainda é muito comum.

Hábitos no banheiro que causam estranheza em outras partes do mundo

A tendência em diversos países ocidentais de as pessoas se limparem apenas com papel higiênico depois de usar o banheiro — em vez de enxaguar — causa perplexidade em outros lugares do mundo. Imagine tentar remover as fezes da pele apenas com papel.

Ainda que o papel higiênico não seja tão áspero quanto peças de cerâmica (usadas pelos gregos antigos) ou espigas de milho (conhecidas como sabugo, usadas pelos americanos no período colonial), a água é bem menos menos abrasiva do que as marcas mais macias disponíveis no mercado.

Quando se trata de higiene no banheiro, o que é considerado “normal” varia bastante ao redor do mundo.

Em muitos países ocidentais, o papel higiênico é amplamente utilizado, enquanto o uso de água para a limpeza pós-toalete é menos comum, ou até inexistente. Essa prática, porém, é vista com perplexidade em vários países da Ásia, Oriente Médio e partes da Europa, onde o uso de água para higiene pessoal é considerado essencial.

A água é, de fato, considerada mais eficiente para limpeza do que o papel, e por isso, em países como Índia, Turquia e Emirados Árabes, é comum encontrar bidês ou chuveirinhos ao lado dos vasos sanitários. Nessas regiões, limpar-se apenas com papel pode parecer inadequado e até questionável em termos de higiene.

A questão é tanto cultural quanto prática: imagine tentar remover uma substância da pele usando apenas papel. Esse hábito de “lavar em vez de limpar” é visto como mais higiênico e, por isso, é preferido em muitas culturas.

Outro aspecto que causa estranheza é o tipo de banheiro. Em vários países da Ásia, o uso do vaso sanitário de chão (ao invés do vaso sentado) é comum. Esse estilo, que demanda a postura de cócoras, é tradicional e também considerado benéfico para o corpo. Para quem cresceu usando vasos sanitários ocidentais, essa prática pode parecer desconfortável ou incomum.

Essas diferenças de hábitos no banheiro evidenciam como as percepções de higiene são moldadas pela cultura.

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