A Polícia Civil concluiu que as mortes das irmãs gêmeas Manuela e Antônia Pereira foram responsabilidade da mãe delas, Gisele Beatriz Dias. As crianças morreram em circunstâncias semelhantes nas manhãs de 7 e 15 de outubro de 2024, em Igrejinha, município a cerca de 90 km de Porto Alegre. A suspeita da polícia é de que as duas meninas tenham sido envenenadas.
O delegado Ivanir Luiz Moschen Caliari afirmou que, ao remeter o inquérito à Justiça, solicitou a prisão preventiva da mãe, medida que, segundo a polícia, foi deferida na noite de terça-feira (10) pelo juiz da 1ª Vara Judicial da Comarca de Igrejinha, com parecer favorável do Ministério Público (MP).
Com quase duas mil páginas, conforme o delegado Caliari, o inquérito foi remetido ao judiciário antes da conclusão de todas as perícias pendentes que estão sendo realizadas pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).
O motivo, segundo ele, é que o prazo da prisão temporária da suspeita já havia sido prorrogado, mas chegou ao limite legal. Sob o risco da suspeita ser solta, houve a necessidade de fazer o encaminhamento do inquérito com o pedido para conversão da prisão em preventiva – que não tem prazo.
As mortes
A primeira a ser encontrada morta foi Manuela, em 7 de outubro. Ela foi localizada desacordada em casa e foi levada para o hospital, onde já chegou morta. A suspeita inicial era de infarto. Oito dias depois, em 15 de outubro, Antônia Pereira foi encontrada também desacordada em sua cama, onde antes estava dormindo. O Corpo de Bombeiros atestou o óbito no local.
A partir do segundo caso, a polícia suspeitou do comportamento da mãe. Os indícios foram reforçados após um médico relatar que ela falou ter “ideias perversas” em relação às filhas durante o período em que esteve internada na ala psiquiátrica para tratamento de um quadro de depressão profunda, semanas antes das mortes.
O depoimento do profissional de saúde levou a polícia a pedir a prisão temporária da mãe, que foi detida enquanto prestava depoimento em 15 de outubro.
Além do médico, o depoimento da filha mais velha de Gisele, irmã das gêmeas, também reforçou as suspeitas da polícia. Ela disse que a mãe seria “plenamente capaz” de matar as irmãs.
Segundo informou o delegado Cleber Lima, na época das mortes, ambas as meninas tiveram quadro de hemorragia. “Foi aspirada grande quantidade de secreção sanguinolenta (…). Acredito que o quadro não tinha aspecto de infecção, aparentando ter sido ocasionado por ingestão de substância medicamentosa ou de veneno”, afirmou.
Histórico de atendimentos no Conselho Tutelar
A RBS TV revelou que, em 2022, a mãe havia perdido a guarda das crianças após deixar as meninas com uma vizinha e sair de casa. As meninas chegaram a morar em um abrigo antes de serem levadas para a casa do avô, pai de Gisele.
Outra frente de trabalho é em Xangri-Lá, no Litoral Norte, onde, em dezembro de 2021, o Conselho Tutelar fez um atendimento a Manuela, Antônia e uma irmã mais velha após uma ocorrência policial. Na época, elas foram retiradas do pai e também levadas para os avós.