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Carnes, café e açúcar devem pressionar inflação de alimentos em 2025

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A inflação desses produtos pode gerar um efeito cascata, elevando os preços de outros alimentos. Do ponto de vista fiscal, o mercado não vê firmeza nas medidas do governo.

A alta nos preços de alimentos, especialmente carnes, café e açúcar, deve pressionar a inflação em 2025. Segundo especialistas, a combinação de fatores como clima adverso, aumento da demanda global e custos de produção mais elevados estão impulsionando os preços desses produtos básicos.

As commodities softs, de forma consolidada, devem ter pressão intermediária sobre a inflação, assim como o leite, enquanto os grãos tendem a ter impacto neutro em virtude da perspectiva de preços estáveis. As commodities softs são matérias-primas agrícolas que podem ser consumidas ou utilizadas como matéria-prima, como o café, o algodão, o milho, a soja e o açúcar. 

O movimento tende a repetir o já observado no ano passado com uma inflação de alimentos resistente, o que preocupa o governo em virtude da pressão sobre a inflação geral. Os números mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os preços de alimentação e bebidas aumentaram pelo quarto mês seguido.

A carne no centro das atenções

A carne, um dos itens mais consumidos nas mesas brasileiras, tem sido um dos principais vilões da inflação alimentar.

“A inflação será impulsionada pelo aumento expressivo dos preços das carnes, estimado em pelo menos 16,6% no valor pago ao produtor, com repasse à indústria e ao consumidor”, aponta a analista da Tendências Consultoria, Gabriela Faria, economista responsável por agropecuária e biocombustíveis.

Em 2024, os cortes ficaram 20,84% mais caros. É o maior aumento desde 2019, quando subiram (32,4%). Forte estiagem, ondas de calor e seca em diversas regiões do país, intensificou os efeitos da entressafra, quando as pastagens ficaram ainda mais restritas.

A menor oferta de animais para abate, somada ao aumento da demanda, tanto interna quanto externa, também levou encarecimento do produto. Além disso, os custos de produção, como ração e energia, também têm pressionado os preços.

Café e açúcar: Doçura com amargor

O café e o açúcar, outros itens essenciais na mesa do brasileiro, também estão sofrendo com a alta dos preços. A produção de café tem sido afetada por fatores climáticos adversos, como a seca e as geadas, que reduziram a oferta e elevaram os preços.

Já o açúcar, além de sofrer com a influência do clima, tem visto sua demanda aumentar devido ao crescimento da população mundial e à maior utilização na produção de biocombustíveis.

“A alta do café ainda não foi repassada ao varejo e poderemos ter novas máximas históricas. Dos produtos básicos, o trigo vai depender muito do dólar, já o arroz tende a ter uma ótima safra e o feijão deve ficar com produção dentro da média”, aponta o gerente da consultoria Agro do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves.

Alves observa que o câmbio será determinante para a inflação de alimentos neste ano. “Se o dólar se mantiver acima de R$ 6, a pressão sobre a inflação de alimentos será maior, levando a uma política monetária mais restritiva. Do ponto de vista fiscal, o mercado não vê firmeza nas medidas do governo, gerando incerteza, e somado aos preços sustentados de commodities agrícolas reflete em maior pressão sobre inflação”, avalia.

Impacto no bolso do consumidor

A alta nos preços de carnes, café e açúcar tem um impacto direto no bolso do consumidor, reduzindo o poder de compra e afetando a alimentação das famílias. Além disso, a inflação desses produtos pode gerar um efeito cascata, elevando os preços de outros alimentos e produtos industrializados.

O que esperar para o futuro?

A perspectiva para os próximos meses é de que os preços dos alimentos continuem pressionados. A incerteza na recuperação da economia, o aumento da demanda por proteínas e fatores climáticos podem agravar a situação.