A paralisação de caminhoneiros articulada nas redes sociais e registrada na Presidência da República por alguns representantes do setor fracassou em sua intenção de bloquear as principais rodovias do país nesta quinta-feira (4). Até o fim da manhã, a mobilização registrou adesão mínima, sem qualquer impacto no tráfego nacional.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou que não houve registro de bloqueios ou paralisações em rodovias federais. Da mesma forma, trechos de estradas monitoradas pelo Departamento de Estrada e Rodagem (DER) de São Paulo e rodovias fluminenses não apresentaram qualquer movimentação no sentido de paralisação de pistas.
Falta de consenso e questões políticas
A intenção da paralisação partiu de um encontro entre Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como “Chicão Caminhoneiro“, da União Brasileira dos Caminhoneiros, e o desembargador aposentado Sebastião Coelho.
“É um movimento nacional para os cerca de 1,2 milhão de caminhoneiros autônomos do país. Acreditamos que haverá grande adesão, mas cada pessoa é livre para decidir se quer participar. Fizemos todo o embasamento legal para que o movimento seja legítimo”, disse Chicão, na quarta-feira (3).
O movimento tinha como pautas reivindicações históricas da classe, como aposentadoria especial, reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas e estabilidade contratual da categoria.
No entanto, a mobilização não alcançou consenso entre os profissionais do setor. Integrantes afirmam que a forma como as discussões foram conduzidas esvaziou as prioridades da categoria.
Hemerson Galdim, presidente da Sindconpetro-PB e representante da Fenttrocar, afirmou que a paralisação perdeu força antes mesmo de começar, principalmente pela ausência de etapas essenciais ao processo decisório.
“Para realizar uma greve, ela precisa passar por um ritual, uma assembleia para discutir quais as pautas de reivindicação, coisa que não aconteceu. E vimos que o que aconteceu foi tudo de repente, caracterizando questões políticas”, afirmou Galdim, sugerindo que a articulação foi motivada por interesses alheios à pauta legítima da categoria.
Entidades que representam os transportadores autônomos disseram que iriam aderir à greve. Elas citam que há um pano de fundo relacionado à anistia de pessoas envolvidas nos atos de 8 de janeiro e afirmam que os caminhoneiros não querem ser usados como “massa de manobra”.





