No km 16,7 da SC-418, na Serra Dona Francisca, é possível ver cacos de vidro, latarias, calotas, pedaços de pneu e até objetos pessoais, que mostram o resultado de inúmeros acidentes ocorridos em um dos trechos mais perigosos da rodovia.
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| O problema de iluminação na Serra Dona Francisca decorre do furto de fios de cobre há mais de um ano. Imagem: Cleber Gomes/DC |
Ali não tem radar fixo e é considerado o principal ponto de ocorrências da rodovia, que só no ano passado registrou 429 acidentes que resultaram em seis mortes ao longo dos seus 68 quilômetros.
De acordo com a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), além da primeira curva, a curva do km 15,9 (após o Mirante); a do Bambu no km 15,1; e a curva do km 13,1, imediatamente posterior ao local da queda do coletivo, concentram a maioria dos acidentes.
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| No km 16,7 é possível ver várias partes de veículos, resultado de acidentes no local/Arquivo |
A imprudência dos motoristas, chuva, neblina e óleo na pista são apontadas pela PMRv como as principais causas para o alto número de acidentes na via.
O tema insegurança voltou a fazer parte das conversas dos usuários da SC-418 em janeiro, depois que o carro de um casal despencou ribanceira por 150 metros. O acidente foi no dia 6 de janeiro e as duas vítimas esperaram 36 horas por socorro. Horas após o resgate, outro carro caiu no mesmo lugar.
Durante a noite, a falta de iluminação é o principal problema enfrentado por quem faz o trajeto. Até mesmo para quem conhece o local desde a inauguração da pavimentação, a sensação de insegurança é frequente.
Há cerca de 20 anos o espaço era todo iluminado. Hoje apenas dois postes acesos.
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| Acidente ocorrido em 2015 que vitimou 51 pessoas/Arquivo |
A dona de um comércio de caldo de cana na serra, comenta que, depois dos acidentes, a escuridão da estrada se tornou assunto recorrente entre os clientes. O “breu noturno” também pode ter contribuído para o aumento das saídas de pista na região nos últimos meses.
“Hoje, a sensação é de abandono. As canaletas eram limpas e o mato está tomando conta, a água do córrego está correndo pelo asfalto e enfrentamos a escuridão. Percebemos que há mais acidentes, pois os motoristas não enxergam a proximidade da curva e, às vezes, não têm nem tempo de frear”, diz a comerciante.
Outro problema são os buracos, que, para quem não conhece a estrada, oferecem risco maior de cair ou de bater (o veículo), como já aconteceu.
De dia a viagem é mais tranquila. As condições da estrada melhoraram depois do acidente com o ônibus e, ao menos durante o dia, a viagem apresenta poucos riscos.
Incomoda ainda a invasão da vegetação sobre os guard rails em frente às placas de sinalização, que encobre avisos importantes aos motoristas, especialmente na descida rumo a Joinville. Em outros trechos ocorrem trepidações e a pintura do asfalto enfrenta desgaste.
Manutenção da rodovia
De acordo com o superintendente regional do Deinfra, Ademir Machado, o problema de iluminação na Serra Dona Francisca decorre do furto de fios de cobre há mais de um ano. A dificuldade de monitoramento é apontada como um dos empecilhos para a conservação das lâmpadas.
Ele explica que para revitalizar a energia são necessários ao menos R$ 100 mil, o que ainda não ocorreu por falta de recursos financeiros. A intenção é de que, quando reposto, o cabeamento seja substituído por outro material, porém ainda não há previsão.
Quanto à construção de um novo mirante, o Deinfra lamenta a impossibilidade de reconstrução no momento, também por não dispor do dinheiro necessário.
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| O Deinfra informa que aguarda liberação de verba para a manutenção da rodovia. Imagem: Cleber Gomes/DC |
A pintura dos trechos onde há desgaste da sinalização e a reposição dos guard-rails também estão previstas mediante repasse de verba.
Quanto ao desgaste da pista, a agência destacou que possui recursos limitados para as operações tapa-buracos, distribuídos ao longo de 180 quilômetros de rodovias, mas que as manutenções estão em andamento.
O governo conta ainda com a expectativa de que até o segundo semestre de 2018 o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) lance o edital de privatização do modal que inclui a SC-418.
Já para o motorista, a orientação é de que revise o veículo e mantenha a atenção e velocidade moderada e compatível com a sinalização da via, além de não realizar ultrapassagens proibidas. Também deve-se utilizar a luz baixa durante o tráfego diurno e não conduzir o veículo sob cansaço, efeito de medicamentos ou de álcool.
Na descida da serra, é indicado utilizar sempre o freio motor e não deslocar-se com excesso de carga.
DC/ Especial





























