Vídeo circulou nas redes sociais na época, mostrando a ação policial. Reprodução |
A Polícia Militar concluiu que não houve crime na ação dos policiais envolvidos em uma ação que deixou uma mulher ferida em Mafra, em 19 de fevereiro deste ano.
O inquérito da PM investigou a conduta dos agentes de segurança envolvidos. No dia da ação, a mulher teve a perna quebrada. Ela, que tem 39 anos, é costureira e afirmou que desde então não consegue trabalhar.
A costureira Silvana de Souza ressaltou que não houve nenhuma agressão ou ameaça dos moradores, como afirma a polícia, mas admite que a família xingou os policiais por conta da truculência. Ela recebeu voz de prisão ainda dentro do terreno e foi conduzida.
A ação policial foi filmada por um morador do local. O vídeo mostrou ao menos seis policiais em uma propriedade no bairro Novo Horizonte.
Um deles levou a mulher com as mãos para trás e as imagens mostraram que um dos PMs a derrubou e imobilizou. Ela caiu no chão e acabou quebrando a perna e machucando o nariz. O vídeo circulou nas redes sociais.
O inquérito policial militar apontou inexistência de indícios de transgressão disciplinar. O relatório foi encaminhado à Justiça Militar em 22 de junho.
Sem voltar à rotina
Silvana de Souza, que na época precisou passar por cirurgia para colocação de 13 pinos para corrigir fraturas, ainda não conseguiu voltar a sua rotina.
Agora já estou podendo andar um pouquinho melhor, mas ainda com bastante dificuldade. E a notícia pra mim veio como… meu Deus, eu me senti revoltada porque eu que passei por tudo isso, fiquei cinco meses sofrendo, 30 dias só na cama deitada. Foi bem ruim pra mim porque eu esperava que tivesse uma punição”, disse Silvana.
Imagem mostra os pontos e machucados na perna esquerda de Silvana após cirurgia. Foto: Silvana de Souza/Arquivo pessoal |
O Ministério Público de Santa Catarina tem até 20 de julho para se manifestar sobre o inquérito da PM. O promotor pode acatar o pedido de arquivamento, solicitar novas investigações ou denunciar os policiais.
O comando da PM de Mafra não quis se manifestar sobre a conclusão do inquérito. Os policiais que participam da abordagem continuam trabalhando.
O QUE DIZ A POLÍCIA MILITAR SOBRE A AÇÃO
Em nota divulgada pelo Comando da Guarnição Especial de Mafra, logo após um vídeo circular pelas redes sociais (em 10 de março), a polícia relatou sua versão dos fatos ocorridos naquele dia.
Durante a fuga, o suspeito teria entrado em um terreno baldio no bairro Novo Horizonte e se escondido nos fundos de uma casa. Ele foi localizado e detido pela polícia.
Porém, durante a ação, moradores teriam se aproximado dos policiais e iniciado uma discussão. Além disso, segundo a polícia, um dos envolvidos os teria ameaçado com um facão, momento em que foi utilizado gás lacrimogênio para contê-lo.
Apesar de controlada, a polícia alega que a mulher que aparece nas imagens continuou a desacatar os policiais, momento em que foi detida e conduzida.