Governo de São Paulo e Governo Federal travam disputa pública pela vacina CoronaVac já disponível pelo Butantan. Reprodução |
Em coletiva de imprensa neste domingo (17), para anunciar a aprovação do uso temporário e experimental das vacinas CoronaVac e de Oxford, o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, falou sobre as pressões que a agência sofreu para aprovar o uso dos imunizantes em curtíssimo espaço de tempo.
\”Em meio a um cenário de incertezas, agravado por pressões de todas as naturezas, infelizmente muitas vezes motivadas por razões outras que não a saúde pública, especialistas de variadas capacitações fizeram renúncias de suas próprias vidas, e não mediram horários nem esforços para honrar a responsabilidade da qual nunca se afastaram: atestar a qualidade, a segurança e a eficácia da esperança, traduzida sob a forma de vacina\”.
Presidente da Anvisa durante pronunciamento neste domingo (17). Reprodução |
\”Esses, que construiram ao longo de 22 anos, o renome internacional da Anvisa, deram um testemunho de competência e credibilidade, até o presente momento, sem paralelo no mundo\”.
\”Nenhuma outra agência reguladora, com todos os recursos, sejam agência europeia, inglesa ou norte americana, bateram essa marca\”, afirmou.
\”Temos a vacina. Entretanto, que esse modesto júbilo, quase calado em meio a tanto pesar e sofrimento, não seja motivo de relaxamento para as medidas de proteção. A ameaça ainda está a porta, o lobo ainda ronda o nosso quintal. Nessa contenda, as máscaras são elmos, o alcoól em gel e a higiene das mãos são luvas, e o distanciamento social é a forma de ainda mais nos unirmos rumo a vitória final que ainda virá\”.
\”Essas vacinas estão certificadas pela Anvisa, foram analisadas por nós brasileiros por um tempo, o melhor e menor tempo possível. Confie na Anvisa, confie nas vacinas que a Anvisa certificar e quando ela estiver ao seu alcance vá e se vacine, finalizou.
Doria e Pazuello \’disputam\’ as 6 milhões de doses da CoronaVac
\”Qualquer movimento fora desta linha está em desacordo com a lei\”, disse o ministro.
Doria rebateu afirmando que a vacina foi financiada pelo governo estadual e que \”Ainda não recebeu nenhum centavo do governo federal\”.
\”Não há um centavo, até agora, do governo federal, para a vacina, nem para o estudo, nem para a compra, nem para a pesquisa. Nada. Chega de mentira, ministro. Trabalhe pela saúde do seu povo, seja honesto\”, disse Doria.
\”Lamento, ministro Eduardo Pazuello, que o senhor, como ministro da Saúde, que deveria estar grato à Anvisa e a São Paulo, que temos uma vacina, usa o tempo para protestar contra isso. É inacreditável uma situação como essa no Brasil. Aqui lutamos pela vida, e Brasília luta pelo quê?\”
\”Eu respeito muito o general Pazuello, mas, como todo general, como todo soldado, ele foi preparado a vida inteira para matar, lutar\”, disse Dimas, complementando que ele age \”ao contrário de quem trabalha na saúde\”. \”A gente foi preparado para salvar vidas\”.
A CoronaVac envolve uma disputa política entre o governador de São Paulo, João Doria, e o presidente Jair Bolsonaro. Em outubro, o presidente chegou a dizer que o governo federal não compraria a Coronavac.
No começo de janeiro, porém, o Ministério da Saúde informou assinou um contrato com o Instituto Butantan para adquirir todas as 100 milhões de doses que o órgão produzir.