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Risco de trombose por Covid-19 é maior do que por vacinas, aponta estudo

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O risco foi significativamente mais alto em pacientes com histórico de doença cardiovascular.

Um estudo de pesquisadores da Universidade de Oxford indica que o risco de ocorrer Trombose Venosa Cerebral em pessoas com Covid-19 é consideravelmente maior do que nas que receberam vacinas baseadas na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), como os imunizantes da Pfizer e Moderna.

Além de vacinas de mRNA, a análise também incluiu o imunizante da Oxford/AstraZeneca, produzido no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A pesquisa reuniu pesquisadores do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Oxford e da Oxford Health NHS Foundation Trust, do Departamento Nutfield de Ciências Clínicas da Universidade de Oxford, da Oxford University Hospitals NHS Foundation Trust) e da TriNetX, de Cambridge, Massachusetts..

“Embora a magnitude do risco não possa ser quantificada com certeza, o risco após a Covid-19 é aproximadamente de 8 a 10 vezes o relatado para as vacinas, e cerca de 100 vezes maior em comparação com a taxa da população. O aumento do índice de Trombose Venosa Cerebral (CVT) com a Covid-19 é notável, sendo muito mais marcante do que os riscos aumentados para outras formas de acidente vascular cerebral e hemorragia cerebral”, diz o estudo. “Os dados de Trombose da Veia Porta (PVT) destacam que a Covid-19 está associada a eventos trombóticos que não se limitam à vasculatura cerebral”.

Outros efeitos da doença

Usando uma rede de dados eletrônicos de saúde e da Agência de Medicamentos Europeia, foi analisado a incidência de Trombose venosa cerebral em pacientes duas semanas após o diagnóstico de Covid-19, comparando-os com casos associados à influenza e às vacinas.

A análise dos dados mostra que a incidência de Trombose venosa cerebral em pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 é de 39 para cada milhão de pessoas, bem acima dos observados naqueles que receberam as vacinas da Pfizer e da Moderna (4,1 por milhão).

No caso da gripe, nenhum caso foi observado. Para o PVT, a incidência foi de 436,4 por milhão em pacientes com Covid-19; 98,4 por milhão após a influenza e de 44,9 após as duas vacinas.

“Esses dados mostram que a incidência de Trombose venosa cerebral cresce significativamente após a Covid-19.

Dos 513.284 pacientes incluídos no estudo, 54,8% eram mulheres com idade média de 46,6 anos. Do número total pesquisado, 20 sofreram Trombose venosa cerebral nas duas semanas seguintes ao diagnóstico de Covid-19.

O risco foi significativamente mais alto em pacientes com histórico de doença cardiovascular.

Entre os 20 casos, seis foram observados em pacientes com menos de 30 anos; quatro entre 30 e 39 anos; dois entre 40 e 49; dois entre 50 e 59; três entre 60 e 69; e três entre 70 e 79.

Entre os que tomaram vacina foram observados dois casos: um que recebeu o imunizante da Pfizer e outro sobre o qual não foi possível precisar se recebeu Pfizer ou Moderna.

O risco relacionado de desenvolver Trombose venosa cerebral com a Covid-19 também foi maior do que o registrado após a aplicação da AstraZeneca (169 casos para 34 milhões de pessoas).

Em relação ao PVT, o risco também é significativamente maior: 436,4 por milhão contra 44,9 por milhão entre os imunizados. Entre estes últimos, foram observados 22 casos: 11 após a vacina da Pfizer, dois após a Moderna e nove em que não se sabe qual o imunizante utilizado.

O estudo destaca que os dados devem ser analisados com cuidado, já que a magnitude dos riscos de Covid-19 versus a população não é baseada em cortes combinados por idades e outros fatores demográficos.

Diz ainda que não é possível concluir que as vacinas baseadas no mRNA aumentem o risco de Trombose venosa cerebral. Amostragens maiores seriam necessárias para abordar a questão.

Estudo no Brasil aponta relação com trombose

No Brasil, um artigo publicado este mês na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz chama a atenção para a relação entre o aumento da formação de coágulos (também chamados de trombos), que podem obstruir a circulação, e o Sars-CoV-2.

Seus autores, um grupo de dez pesquisadores, propõem que sua classificação seja mudada e que a Covid-19 seja a primeira infecção considerada uma febre viral trombótica. Atualmente, o agravo é classificado como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

O estudo é assinado por especialistas em terapia intensiva, cardiologia, hematologia, virologia, patologia, imunologia e biologia molecular, que atuam em seis instituições de assistência médica e pesquisa científica no Brasil: Hospital Pró-Cardíaco, Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Faculdade de Medicina de Petrópolis (Unifase), Instituto Nacional do Câncer (Inca), Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná) e United Health Group.

No IOC/Fiocruz, participam os Laboratórios de Virologia Comparada e Ambiental, de Aids e Imunologia Molecular, de Inflamação, de Patologia e de Imunofarmacologia.

AGÊNCIA FIOCRUZ DE NOTÍCIAS

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