O pinhão é a semente da Araucária e a parte comestível da pinha. É nativo da região Sul e de algumas áreas do Sudeste do Brasil. Formado pela casca e amêndoa, o alimento se destaca pelo sabor e a textura diferenciada.
Em Santa Catarina, a safra de pinhão começa somente em 1º de abril, com a liberação autorizada de colheita, e pode ser comercializado in natura até o mês de agosto.
O pinhão geralmente é consumido cozido, assado na brasa ou na famosa ‘sapecada‘, mas pode ser adicionado a diversas receitas culinárias como entrevero, paçoca, farofa, carreteiro e outras combinações gourmetizadas. Até cerveja de pinhão já inventaram.

Pinhão combina com o friozinho do inverno, mas em outras épocas também bate aquela vontade. Mas você sabia que não é só de saudades que se vive no período de entressafra?
Mestre e doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos, a professora Cleoci Beninca, da área de Alimentos do Câmpus Canoinhas, atua em pesquisas de caracterização e aplicação de amido de pinhão e tem dicas bacanas e importantes para prolongar a “vida útil” do queridinho do inverno para além da estação, e de forma segura para o consumo.

Como fazer para conservar o pinhão por mais tempo?
Cleoci conta que a primeira etapa é a seleção manual das sementes, removendo aquelas visivelmente danificadas, contaminadas por fungos, brotadas e com outras sujidades. “É importante verificar a aparência da casca, pois quanto mais intacta estiver, mais tempo a semente poderá ser armazenada”, explica. Na sequência, vem a higienização.
E quais são os passos para a higienização correta?
Para reduzir a contaminação natural presente nas cascas, professora Cleoci recomenda a sanitização das sementes com água clorada, na proporção de uma colher de sopa (10 ml) de água sanitária em um litro de água.
Os pinhões devem ficar imersos de molho por quinze minutos. As sementes que boiarem devem ser descartadas, pois geralmente foram atacadas por praga e apresentam a presença de larvas. Após a sanitização, as sementes precisam ser enxaguadas em água corrente.
Já está pronto para guardar?
Ainda não. Após as etapas de limpeza e sanitização, as sementes podem ser utilizadas imediatamente. Mas caso deseje armazenar o pinhão por mais tempo, é necessário realizar a secagem das cascas.
A etapa pode ser feita em temperatura ambiente por 24 horas ou com auxílio de papel absorvente. De forma rápida, a secagem pode ser no forno a 50 °C por quarenta minutos. Pinhão seco, é só guardar.
“O armazenamento da semente deve ser realizado em ambiente arejado, de baixa umidade relativa, na ausência de luz e calor do sol e longe do contato com pragas e outros animais”, enfatiza a professora.
Tem como congelar?
Sim, o pinhão pode ser refrigerado ou congelado, mas é importante que seja depois da seleção e sanitização das sementes. A refrigeração (2 a 10°C) aumenta a vida de prateleira das sementes in natura de alguns dias para até três meses.
Já o congelamento (temperaturas menores que -18 °C) prolonga esse período para oito meses ou mais. Ou seja, dá pra guardar pinhão desta safra até a colheita do próximo ano. Em ambos os casos, basta colocar as sementes em sacos plásticos, e identificar com data, para não passar do prazo.
Já pensou em fazer farinha de pinhão?
Embora parte dos consumidores desconheça, depois de sanitizado, o pinhão também pode ser transformado em farinha. Ela é obtida a partir do descascamento, remoção da película interna, secagem, moagem e peneiramento.
A farinha também pode ser obtida a partir das sementes previamente cozida. A dica é triturar bem no liquidificador, por cerca de cinco minutos, e depois secar no forno em temperatura baixa.
E atenção: já que não temos como garantir um controle de qualidade do produto feito em casa, é importante manter a farinha congelada para poder usar sempre que quiser na elaboração de pães, broas, tortas, biscoitos e outras adaptações culinárias.



























