São complexas e extensas as informações que demonstram a dimensão da organização criminosa (supostamente) comandada pelo Prefeito Adelmo Alberti, segundo o próprio Ministério Público de Santa Catarina.
Em processos onde são apuradas as ocorrências de fraudes, corrupção e lavagem de dinheiro, praticadas no município de Bela Vista do Toldo, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) requereu a quebra do sigilo bancário e fiscal de várias empresas que estariam ligadas ao esquema criminoso.
De acordo com o TJSC, empresários uniram-se com servidores municipais e com o prefeito Alberti, para angariar vantagens por meio de repetidas fraudes em procedimentos licitatórios; e que os benefícios ilícitos daí obtidos eram sistematicamente incorporados ao patrimônio dos envolvidos por meio de práticas que constituem lavagem de dinheiro.
Dentre as empresas investigadas, que já são de conhecimento público, está uma de Canoinhas, que supostamente tem ligações com o esquema ilícito.
Segundo o Tribunal de Justiça, no que tange à ocultação de bens do prefeito de Bela Vista do Toldo, emerge como figura essencial da investigação este empresário de Canoinhas, que é sócio/proprietário de duas empreiteiras.
Em Relatório de Investigação, as empresas administradas pelo suspeito ostentam contratações milionárias com o município de Bela Vista do Toldo.
Além disso, verificou-se outro indício do vínculo entre o empresário e o prefeito Adelmo Alberti. A investigação levantou o registro de um boletim de ocorrência em que o empresário se envolveu em acidente de trânsito, cujo veículo que conduzia estava registrado em nome de Maria Emília Schiessel Alberti, esposa do Prefeito.
Outro fato de extrema relevância para a investigação, de acordo com o documento do TJSC, principalmente no que tange aos crimes de lavagem de dinheiro é que, quando pesquisado pelo número do CPF do suspeito, no site da Prefeitura Municipal de Bela Vista do Toldo, destinada à emissão de guias negativas de imóveis, observou-se que ele possui 66 (sessenta e seis) imóveis registrados na prefeitura, no local conhecido por COHAB.
Essa constatação remete a uma denúncia, recebida através do canal da ouvidoria do Ministério Público, em que o denunciante relata que “[…] no loteamento da COHAB, metade da área, como um passe de mágica passou a ser do Sr. Adelmo, e agora ele vende os lotes […]“.
Diante desta representação, o Ministério Público diz que há fundadas razões para crer que o empresário é responsável por ocultar bens de propriedade de Alberti, bem como é favorecido com contratações fraudadas da Prefeitura de Bela Vista do Toldo.
Uma delas seria a reforma e ampliação da Escola Municipal Juliana Tomporoski Krull na localidade de Serra do Lucindo, destinada a receber crianças pequenas (creche) que teria sido feita com material de baixa qualidade e em dimensões menores do que a contratada.
Na ocasião da entrega da obra, circularam nas redes sociais e em grupos de WhatsApp, imagens que mostravam, por exemplo, que o ralo do banheiro foi colocado a cerca de 1,5 m de distância do chuveiro, sem desnível para escoar a água, dessa forma inundando o banheiro, quando utilizado. Vasos sanitários e lavatórios (pias) também foram instalados em altura não apropriada para crianças.
O valor total da obra foi de R$ 236.785,34 (Duzentos e trinta e seis mil, setecentos e oitenta e cinco reais e trinta e quatro centavos).
“Dessa forma, somam-se às suspeitas de ocultação de patrimônio, a existência de possíveis superfaturamento e desvio de valores os quais, apesar de ainda demandarem um aprofundamento das investigações, indicam a violação vultosa do patrimônio público”, apontou o Desembargador Relator, Sérgio Rizelo.
O Canoinhas Online ressalta que, apesar de as medidas investigativas não mais tramitarem no mais no absoluto sigilo, e já ter sido formulada acusação formal contra o empresário em questão, a investigação ainda não foi concluída, desta forma optamos por não divulgar, no momento, o seu nome e de suas empresas.
Lembramos também que, apesar de Adelmo Alberti estar preso, teoricamente ainda é Prefeito do município de Bela Vista do Toldo.
Em 19 de agosto último, o Juiz Eleitoral, Victor Luiz Ceregato Grachinski, condenou Adelmo Alberti e Alfredo Cezar Dreher (vice-prefeito), à cassação de seus diplomas e à sansão de inelegibilidade pelo período de oito anos, a contar das eleições de 2020. Da decisão, porém, ainda cabe recurso.