Um jovem de 19 anos, com autismo, foi encontrado morto dentro de casa com um ferimento na testa, em Ponta Grossa (PR), na última sexta-feira (18).
Nesta segunda (21), a mãe o padrasto do jovem foram presos suspeitos de maus-tratos. Segundo a polícia, a suspeita é de que jovem estivesse sendo maltratado desde 2018. O padrasto também será investigado por homicídio.
Conforme a PM, no dia da morte de Rômulo Luiz Fernandes Borges, a mãe saiu cedo para trabalhar e deixou os três filhos com o marido, que é padrasto do jovem.
Quando ela estava no trabalho, o companheiro dela ligou e disse que o filho mais velho dela convulsionou. O homem informou ainda que tentou reanimar o jovem, mas que ele não resistiu e morreu.

MAUS TRATOS
Nesta segunda (21), professoras de Rômulo disseram ter feito denúncia da situação da vítima ainda em 2018.
Elas atuavam na Associação de Proteção aos Autistas de Ponta Grossa, onde o menino estudava, e passaram à direção da instituição a denúncia depois de perceberem sinais de violência no corpo do jovem, além da mudança no comportamento e baixa frequência nas atividades.
“A gente estava prevendo isso. A gente olhava o jeitinho dele, ele parecia que estava pedindo socorro. A gente perde o chão, parece que a gente ficou amarrado e não pôde fazer nada por ele. Eu não sei aonde que parou o procedimento, porque enquanto escola a gente passou para a frente”, disse uma das profissionais, Roseli Mainardis.

Em depoimento, as professoras afirmaram que Rômulo frequentou normalmente a escola entre os seis e os 15 anos, indo todos os dias. Disseram ainda que a mãe era participativa e que a vítima era calma.
Contudo, em 2018, os profissionais perceberam uma mudança nele. O período foi quando a mãe iniciou o relacionamento com o padrasto, segundo as testemunhas.
Elas relataram que Rômulo começou a chegar com o olho roxo e sinais de cinta pelo corpo, machucado como se tivesse apanhado. Além disso, ele mudou o comportamento, antes calmo.

As professoras dizem ter confrontado a família e que a mãe afirmou que os hematomas eram de brincadeiras entre a vítima e o padrasto. Depois disso, a família também reduziu a frequência do jovem na sala de aula.
Segundo uma das profissionais, no último ano, Rômulo não chegou a frequentar a escola nem por um mês.
Também foi identificada perda de peso no menino. Uma das professoras contou que o uniforme dele chegou a cair durante uma atividade por conta do baixo peso.
Também à polícia, vizinhos relataram o casal morava há cerca de dois meses na casa onde Rômulo foi encontrado morto, mas que não sabiam da existência dele, apenas de outros dois filhos do casal.
De acordo com a polícia, a investigação indica que a vítima era amordaçada quando tinha crises e que o jovem estava sendo maltratado desde 2018.
Conforme as primeiras informações, o jovem era mantido em condições degradantes na casa do casal.
A vítima vivia em um quarto instalado em um banheiro desativado, com teto mofado, infiltrações, sem iluminação e sem condições de higiene, segundo a polícia.
Com a comprovação de que a vítima teve a integridade física exposta a perigo, fato que possibilitou a morte, o casal foi autuado por maus-tratos com resultado morte, em que a pena pode chegar a 12 anos de prisão.
De acordo com o delegado, embora haja suspeita de que o jovem tenha sido assassinado pelo padrasto, há necessidade de maior aprofundamento das investigações para total esclarecimento dos fatos.




