Dois pesos, duas medidas. É desta forma que o canoinhense está vendo algumas das decisões e ações da atual gestão municipal.
Para quem não conhece, a expressão popular Dois pesos, duas medidas é comumente utilizada para indicar um ato injusto e desonesto. A expressão tem origem bíblica e fala sobre ter apenas um peso e uma medida, isto é, usar dos mesmos critérios para avaliar as situações e, com isso, prezar pela honestidade e justiça.
Como é de conhecimento de todos, na última semana, a manutenção de veto a um projeto que poderia conceder novamente a parte retirada do salário dos ACTs em Canoinhas, levou professores a realizar um ‘buzinaço’, de alguns minutos, em frente a residência do prefeito municipal, em uma manifestação pacífica e democrática.
O ato foi duramente criticado pelo gestor, apontando a classe (dos professores) como arruaceiros, e que foram fazer bagunça altas horas da noite, acordando seu filho (vale ressaltar isso aconteceu por volta das 20 horas).
Esqueceu talvez, o nobre prefeito, que essa mesma classe fez buzinaço, apitaço e muito barulho em época de campanha (incomodando inclusive crianças), manifestando apoio tanto a sua eleição, quanto a reeleição. Dois pesos, duas medidas!
AMEAÇA PESADA
Quando os ânimos pareciam ter se acalmado, eis que surge mais um capítulo ligado aos recentes acontecimentos.
Na sexta-feira (18), uma entrevista à Rádio Clube de Canoinhas deu o que falar. Instigando uma ‘briga’ com as vereadoras Tati Carvalho e Juliana Maciel, os chefes do Poder Executivo citaram que, inclusive, já estão ‘fazendo aula de jiu-jitsu’. O vice-prefeito disse que “não querem briga porém estão prontos pra ela”, o que pode configurar uma grave ameaça contra as vereadoras.
Frise-se que as vereadoras em questão representam a população, ou seja, é uma ameaça direta ao povo canoinhense.
E não parou somente nas vereadoras. Passos e Pike fizeram duras críticas à presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Lucia Sueli Brzozowski, e a muitos professores e professoras (ou como o próprio prefeito se referiu “pseudos professores”), o que é um absurdo aos nossos educadores que tanto fazem por nossas crianças e adolescentes.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Canoinhas (SISPUC) havia emitido uma nota de repúdio às declarações emitidas por Passos, também durante programação da Rádio Clube:
“A redução de salário é um ataque duríssimo aos professores admitidos em caráter temporário -ACTs e que, em vez de receberem reconhecimento, acabam por ver a piora das suas condições de trabalho. Percebe-se claramente na verborragia desesperada do prefeito, que seu verdadeiro intuito é tentar retaliar a ação legítima desencadeada pelos professores admitidos em caráter temporário”, diz a nota.
Talvez esquecem que eles próprios passaram pelas mãos de vários educadores para chegarem onde estão. Este é um dos motivos que o sentimento dos professores, de serem apunhalados pelas costas, é ainda maior.
VETO A QUALQUER CUSTO
A queda de braço entre o prefeito, vice e os professores tem origem dentro da própria prefeitura, e não da Câmara de Vereadores. Os projetos polêmicos são de origem executiva, ou seja, são assinados pelo prefeito Beto Passos.
Quando Passos vetou o projeto que poderia conceder novamente a parte retirada do salário dos ACTs, a briga deu seu pontapé inicial.
Quando o veto chegou à Câmara, os vereadores governistas já tinham a ordem pronta: manter o veto a qualquer custo. E custou caro.
Mesmo com o voto de Gil Baiano, até então governista, o veto foi mantido. Votaram com o prefeito os vereadores Willian, Maurício, Wilmar e Silmara, e votaram pelos professores, para a derrubada do veto, os vereadores de oposição Tati Carvalho, Juliana Maciel, Zenilda Lemos, Marcos Homer, e a surpresa da noite, Gil Baiano.
E onde estava o vereador Osmar Oleskovicz, que apesar de governista é defensor dos professores? Oportunamente estava em Brasília, acompanhado Beto Passos em ‘reuniões’.
Na sessão da Câmara desta segunda-feira (21), Oleskovicz usou a tribuna e, visivelmente desconfortável (para não dizer nervoso), justificou sua ausência na ocasião da votação. Explicou, mas na verdade não disse nada.
VERGONHA PARA CANOINHAS
A pesada ameaça para as vereadoras, que aconteceu na sexta-feira, certamente passou dos limites. Não pode-se admitir que prefeito e vice, ameacem qualquer parlamentar desta forma. É uma vergonha para nós, canoinhenses, presenciarmos tais atitudes de pessoas públicas que dizem zelar pela ética e moral.
Lembrando que as ameaças foram destinadas a duas mulheres fortes, que chegaram na Câmara pelo voto do povo e sem o rótulo da velha política e da politicagem suja (talvez seja esse o problema).
Infelizmente esse será um episódio que manchará a história de Canoinhas, diferente de como é sempre frisado pelo nobre prefeito, de que seu objetivo é deixar um mandato histórico para o município:
“Canoinhas merece o nosso suor, o nosso sangue. Darei a minha vida para fazer o melhor mandato que Canoinhas já teve“, afirmou Passos quando foi reeleito, porém não imaginou-se que esse mandato seria tão drástico para com os professores, com as vereadoras e com a população de Canoinhas. E vem mais pela frente.
LÁ VEM MAIS BOMBA
Em breve, deve entrar em votação na Câmara o projeto que retira metade do bônus da regência dos professores efetivos. Todos esperam, desta vez, mais respeito por parte de nossos governantes.
Além deste, outro projeto de lei cria seis cargos e concede aumento para servidores comissionados. Teremos, novamente, dois pesos e duas medidas?



