Homem que matou idoso em Três Barras, ‘pra voltar pra cadeia’, é condenado a 47 anos

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Em depoimento, o réu deu detalhes de como cometeu o crime.

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Em sessão do Tribunal do Júri nesta terça-feira (26), no Fórum da Comarca de Canoinhas, Sandro Uller, de 46 anos, foi condenado pelo homicídio de Pedro Milchéski, de 63 anos, ocorrido em 2021. A sessão foi iniciada às 9h e finalizada por volta do meio-dia.

De acordo com a denúncia, no dia 27 de maio de 2021, por volta das 09h45, e uma residência na Rua Canoinhas, no bairro São Cristóvão em Três Barras, Sandro Uller, de forma livre e consciente, utilizando-se de um martelo, matou Pedro Milchéski desferindo golpes na região da cabeça, os quais foram causa eficiente da sua morte, por traumatismo crânio-encefálico, gerando fratura craniana e com exposição de massa encefálica.

O crime foi cometido por motivo fútil visto que a morte de Milchéski se deu em decorrência da vontade de Sandro em retornar para a prisão, somado ao fato de o denunciado estar incomodado com a vítima pregando a palavra de Deus. Após o crime, Uller ainda colocou fogo na residência.

Consta na sentença, proferida pelo juiz Eduardo Vega Vidal, que próprio réu disse que passou a morar com a vítima a pedido de uma pastora da igreja que ambos frequentavam, e que pagava aluguel mensal no valor de R$ 250,00.

Bombeiros atendem incêndio provocado pelo réu, no bairro São Cristóvão. Foto: Arquivo

Uller afirmou que matou o idoso porque queria voltar para a prisão, visto que era perseguido e estava jurado de morte.

Quando confessou o crime, Sandro deu detalhes sobre a empreitada criminosa:

[…] eu pratiquei o crime, eu matei para mim voltar para a prisão, porque eu não estava conseguindo viver em liberdade lá fora; Eu sou perseguido pela facção criminosa do PGC; No mundo ali fora eu não consegui viver fugindo deles; […] eu paguei tráfico, homicídio, estupro, ai os mais conhecidos, como familiares, me desprezavam; eu não achei outra forma se eu não cometer um crime e voltar para a prisão; […] Nós sentamos conversar sobre a palavra, ele começou a jogar na minha cara que eu estava morando com ele, que eu estava de favor, começamos a discutir, ele pegou a palavra e foi para o quarto dele, quando ele voltou, ele voltou com um objeto na mão, acho que era uma faca de serra, eu não esperei para ver também, eu peguei o martelo de baixo da cama e matei ele; Dei 3 vezes na cabeça dele; Eu dei uma e ele quis se levantar para discutir comigo, eu dei mais 2 e terminei de matar, coloquei fogo no colchão sai ; […].

Texto extraído da denúncia no Ministério Público

O acusado já havia sido condenado anteriomente por crimes de estupro e homicídio, porém respondia em liberdade.

A defesa chegou a requerer a realização de exame de insanidade de Sandro, sob argumento de que “[…] o réu precisa de tratamento psicológico, pois do seu depoimento é possível notar muita frieza na prática de crimes tão bárbaros” .

O pedido foi negado, pois de acordo com o MPSC, “a eventual frieza demonstrada em seu depoimento em não é suficiente para gerar dúvida quanto a sua saúde mental. Ademais, não há sequer laudos médicos ou documentos que demonstrem que o acusado tenha sido internado ou submetido a tratamento”. 

Pelo homicídio de Pedro Milchéski, Sandro Uller foi condenado às penas de 47 anos, 1 mês e 10 dias de reclusão, devendo a reclusão ser cumprida em regime inicial fechado. O magistrado também negou ao réu o direito de recorrer desta sentença em liberdade.

Uller foi condenado ainda ao pagamento de valor mínimo de R$80.000,00 por danos materiais e ao pagamento de R$100.000,00 a título indenizatório por danos morais à família de Milchéski.