Em coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira (1º), o prefeito em exercício de Canoinhas, Willian Godoy, literalmente fez um ‘mea culpa‘ em relação a não ter dado ouvido às verdades que os vereadores da oposição quiseram mostrar. Mea culpa, para quem não sabe, é um ato de pedir perdão, de assumir um erro ou de se responsabilizar por falhas.
Neste sentido, afirmou que “não existe mais oposição e não existe mais governo. Todos os veradores estão unidos e estou aqui representando todos eles. O que havia antes de terça-feira (29), era uma condição”, referindo-se ao dia da prisão de Beto Passos e Renato Pike.
“Aqueles que de alguma forma mostraram um caminho, mostraram a verdade e que alguns não ouviram, aqui eu realmente assumo o erro de não ter visto algumas situações”, disse Godoy.
Ele justificou a falha afirmando que, de alguma maneira, eram [os vereadores governistas] conduzidos e induzidos a aceitar como verdade as explicações dadas pelo staff da prefeitura quando pediam explicações sobre irregularidades em contratos, por exemplo. “Eles nos mostravam algo que naquele momento pareciam ser verdades”, disse o prefeito em exercício.
De fato, oportunidades para, talvez, desmascar os crimes cometidos, não faltaram. Para quem acompanha as sessões da Câmara de Vereadores, ou as redes sociais dos vereadores da oposição, pode verificar as inúmeras vezes em que foram questionadas, através de requerimentos, várias ações da prefeitura.
No ano passado, durante uma sessão ordinária, na ocasião da prisão de Adelmo Alberti, a vereadora Juliana Maciel, levantou uma questão bem pertinente: “onde estavam os vereadores de Bela Vista do Toldo que não fiscalizavam as ações do executivo“? referindo-se que precisavam fiscalizar sim as ações da prefeitura de Canoinhas para que não tivessem uma surpresa, como no município vizinho.
Na mesma época, os vereadores foram alvos de chacota por parte de Beto Passos, onde em entrevista a uma rádio local, acusou os vereadores de ‘querer aparecer”, por conta de tantos questionamentos que faziam à prefeitura.
Para não ir muito longe, na noite anterior às prisões, durante sessão da Câmara onde inclusive Renato Pike estava presente, vereadores apresentaram um requerimento cujo assunto foi mencionado na decisão que culminou com a prisão do prefeito e vice.
No requerimento, de autoria das vereadoras Tati Carvalho, Juliana Maciel, Zenilda Lemos e do edil Marcos Homer, há indagações sobre a locação de um imóvel, pelo município de Canoinhas, com dispensa de licitação, para sediar a secretaria de obras, totalizando o valor do contrato em R$ 226.560,00.
Juliana Maciel afirmou que o contrato gerou dúvidas e questionamentos da comunidade. Primeiro porque o imóvel, até janeiro deste ano, era de Joselde Cubas Batista, proprietário da Rádio Clube e que vem a ser sogro de Fabiano Freitas, Secretário de Desenvolvimento do município.
Em fevereiro, o imóvel passou a ser propriedade da Organizações Cubas de Comunicação (OCC), na qual Joselde também tem participação societária. Esse mesmo contrato apareceu nas denúncias apresentadas pelo Ministério Público, que apontou que a esposa de Fabiano teria dado um Jeep Compass a Passos em face da transação.
Agora, de acordo com Willian Godoy, os 10 vereadores vão trabalhar em conjunto, e uma fiscalização, um pente-fino será passado em todas as secretarias, em cada setor, em cada fundação, em busca de pessoas que não tem compromisso com o município ou que de alguma forma possam ter vínculo negativo ou criminoso com os fatos recentes.
“Queremos uma prefeitura limpa e enxuta. Todos os excessos serão cortados, prometeu o prefeito em exercício”. Já na tarde desta sexta, a primeira baixa: Fabiano Freitas, Secretário de Desenvolvimento Econômico de Canoinhas, pediu exoneração do cargo.
Vamos aguardar os próximos acontecimentos.
