Um adolescente que havia contraído raiva no Distrito Federal não resistiu à doença e morreu ontem (30). Ele estava internado em um hospital da rede particular desde junho.
Segundo Secretaria de Saúde, o jovem tem entre 15 e 19 anos e foi arranhado por gato em maio deste ano e estava em estado grave desde 20 de junho.
Causada por um vírus, a raiva é uma zoonose que pode acometer diversos mamíferos, mas as principais espécies envolvidas no ciclo da doença são cães, gatos, morcegos, raposa, cachorro-do-mato e saguis. Ela é transmitida ao homem através da saliva de animais infectados, principalmente por meio de mordida, arranhão ou lambida.
A doença é quase sempre fatal (praticamente 100% dos casos evoluem para óbito) e se caracteriza por uma encefalite progressiva, levando à inflamação do cérebro.
Nos animais, a raiva é uma doença que evolui muito rapidamente. Quando chega à segunda fase, a chamada “raiva paralítica”, na qual se acentuam os sintomas neurológicos, o animal geralmente vai a óbito em 48 horas.
A Secretaria de Saúde do DF não divulgou como o adolescente foi acometido pela doença.
Segundo a série histórica disponível no site do Ministério da Saúde, foram registrados 45 casos em todo o país desde 2010. Houve apenas duas curas.
Vacinação antirrábica
A vacinação antirrábica anual de cães e gatos em todo o território nacional é a principal estratégia de combate à doença.
Nos últimos dois anos, no entanto, a cobertura diminuiu já que alguns estados e municípios suspenderam as campanhas de imunização dos animais em decorrência da pandemia de covid-19.
Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, desde a confirmação da infecção do adolescente, foram tomadas diferentes providências para evitar novos casos, entre eles o bloqueio de foco e a antecipação da campanha de vacinação de animais. A pasta informou que já foram imunizados mais de 120 mil cães e gatos.
Diagnóstico e tratamento
Em caso de acidente com animais, recomenda-se lavar imediatamente o ferimento com água corrente e sabão e buscar atendimento o mais rápido possível para orientações. O médico poderá indicar a necessidade de profilaxia pós-exposição, por meio da aplicação de vacina ou soro.
Se essas medidas não são adotadas em tempo oportuno, a doença se instala. O período de incubação apresenta uma média de 45 dias.
A partir desse período, surgem os primeiros sintomas como mal-estar geral, febre, dor de cabeça, náuseas, dor de garganta, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia. Posteriormente, a infecção progride surgindo manifestações mais agudas que podem envolver ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes, delírios, espasmos musculares e convulsões.
A confirmação da doença é feita mediante exame laboratorial. Há um protocolo de tratamento da raiva, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos. Entretanto, a taxa de sobrevivência é baixa.