A revista Nature, uma das mais conceituadas revistas de ciência do mundo, publicou nesta quarta-feira (1°) um artigo de um pesquisador brasileiro que estudou o cérebro de um fóssil de peixe de 319 milhões de anos. As descobertas ajudam a entender mais sobre a evolução dos peixes e até sobre a evolução dos próprios humanos.
O fóssil foi encontrado há cem anos por mineiros numa mina de carvão da Inglaterra e levado para um museu na cidade de Manchester, mas ficou esquecido numa caixa. No Rio de Janeiro, o estudante de 25 anos Rodrigo Figueiroa, que estudou peixes de antes dos dinossauros, descobriu a existência do fóssil e foi chamado para fazer um doutorado nos Estados Unidos, após fazer contato com um pesquisador nos Estados Unidos.
O brasileiro convenceu o orientador americano a pegar emprestada a caixa do fóssil do museu na Inglaterra. Nos EUA eles fizeram uma tomografia no peixe e descobriram que o cérebro do animal estava conservado.
Geralmente essas partes mais moles apodrecem e só sobra osso e dente, mas – por uma série de fatores únicos – esse ficou conservado e se tornou o cérebro de vertebrado conservado mais antigo que a humanidade já encontrou. Rodrigo foi além e começou a estudar essa relíquia.
O pesquisador descobriu que o cérebro daquele peixe primitivo não se desenvolveu como o da maioria dos peixes conhecidos atualmente. Ele se desenvolveu de forma mais parecida com a do resto dos vertebrados como os humanos. Isso quer dizer que esse peixe é provavelmente o lugar onde o tronco da evolução se separa entre, de um lado, peixes e, de outro, os peixes com pulmão, que viraram anfíbios, que por sua vez viraram humanos. Até então, não se sabia onde essa divisão teria sido feita.
“É como se fosse a linha do texto que está faltando de um verso do poema que a gente não tinha. Então a gente tinha informação das espécies viventes, mas não tinha essa conexão ali”, descrevou Rodrigo Figueroa, paleontólogo.