O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que tenha cometido qualquer adulteração no seu cartão de vacinas. Alvo de busca e apreensão durante a Operação Venire, da Polícia Federal, nesta quarta-feira (3), o político disse que não se vacinou contra a Covid-19 por uma “visão pessoal”. A fraude nos cartões de vacinação do Bolsonaro e da filha de 12 anos teria acontecido em 21 de dezembro passado, pouco antes de viajarem para os Estados Unidos (no penúltimo dia de mandato).
“Repito, não fui vacinado visão pessoal minha, principalmente após ler a bula da Pfizer. A minha esposa foi vacinada nos Estados Unidos com a Jassen e está documentado. Minha filha [Laura], que respondo por ela, atualmente com 12 anos, não tomou a vacina”.
“Nunca falei que tomei a vacina [de covid-19]. Nunca me foi pedido cartão de vacinação nos Estados Unidos. Não existe adulteração de minha parte”, disse o ex-presidente, ao deixar sua residência em Brasília, acompanhado de advogados.
Na tarde desta quarta (3), Bolsonaro chorou durante uma entrevista ao vivo na Jovem Pan, ao falar sobre a operação da Polícia Federal:
“Isso é problema meu. Resolvi não tomar a vacina. Acharam ali o cartão de vacina da minha esposa, a Michelle”, afirmou. Na sequência, Bolsonaro começou a chorar. “Fotografaram o cartão de vacina dela. A suspeita era de fraude”.
Também disse que ação policial teve objetivo de desmoralizar a família. “Chamo de operação para esculachar. Podiam perguntar sobre vacina para mim, eu responderia sem problema nenhum. Agora, uma pressão enorme o dia todo, desde antes de eu assumir a presidência até agora. E, por que, fico emocionado? Mexer comigo, sem problema. Mas quando vai para a esposa, a filha, aí o negócio é desumano”, afirmou.
Com os olhos marejados, ele negou que tenha fraudado dados da carteira de vacinação. “No tocante a fraude, da minha parte é zero. Às vezes que viajei pelo mundo, uma vez foi para a Itália, se não me engano, perguntei se era exigido a vacina. Falaram que sim. Então falei ‘se é, sim, não viajo’. Então veio a resposta, que estava dispensada a vacina. Nas minhas idas aos Estados Unidos, nunca foi exigido o cartão vacinal”, disse.
Também em conversa com jornalistas, o ex-mandatário admitiu ter ficado surpreso com a operação da PF. “Fazer busca e apreensão na casa de um ex-presidente para criar um fato? (…) O meu celular foi apreendido, o meu telefone não tem senha. Não tenho nada a esconder. Que bom se estivesse em um país democrático e pudesse discutir todos os assuntos, inclusive vacina”, completou.
Como amplamente divulgado pela mídia, a Polícia Federal (PF) investiga se o cartão de vacinação de Bolsonaro e da sua filha teriam sido fraudados através da inserção de dados falsos em sistemas do Ministério da Saúde.
Com a inserção dos dados, os beneficiados eram capazes de burlar restrições sanitárias. A PF apurou que dentre os certificados que foram alterados estariam o do ex-presidente e da sua filha mais nova, Laura, o que o ex-presidente nega. “Não tomei vacina. Não existe adulteração da minha parte, não tomei a vacina”, afirmou Bolsonaro.

Além do político e da filha, os certificados de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do presidente, e de sua família também teriam sido alterados. Durante a operação, Mauro Cid foi preso pelos agentes da PF, assim como outros ex-seguranças próximos a Bolsonaro.
A expectativa era que Bolsonaro prestasse depoimento ainda nesta quarta-feira, porém o advogado de defesa do ex-presidente, Fabio Wajngarten, disse que seu cliente só prestará depoimento à Polícia Federal após ter acesso aos autos da Operação Venire.




