Sem citar diretamente a Lava Jato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (18) “que história ainda vai ser contada, tudo o que aconteceu nesse país foi uma mancomunação entre alguns juízes e alguns procuradores subordinados ao Departamento Federal de Investigação (FBI) que nunca aceitaram que o Brasil tivesse uma empresa como a Petrobras“.
A fala foi feita durante o evento que anunciou a retomada de investimentos e ampliação da refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Ipojuca, no litoral sul de Pernambuco. A previsão do investimento é de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,5 bilhões) até 2027.
A construção da refinaria foi marcada por escândalos de corrupção e foi um dos símbolos da Lava Jato. Na época, as investigações indicaram problemas relacionados aos contratos e possíveis desvios de recursos da obra.
As obras da refinaria foram iniciadas em 2005 junto ao ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, morto em 2013. Em meio à confusão com a Venezuela, a refinaria só foi parcialmente inaugurada em 2014, na gestão Dilma Rousseff (PT). As obras ainda não tinham acabado e já tinham consumido quase US$ 20 bilhões, um valor muito superior ao esperado. Inicialmente, a obra estava orçada em US$ 2,3 bilhões.
Ao R7, o senador Sergio Moro (União-PR) criticou a fala do presidente e disse que o petista “insiste em repetir os mesmos erros passados e criar fantasias sobre a Lava Jato, já que não consegue explicar a corrupção em seu governo.”
O ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol também rebateu a fala do presidente. “Lula continua mentindo e tentando reescrever a história porque não consegue explicar os mais de 15 bilhões que a Lava Jato devolveu para a sociedade depois da roubalheira descoberta nos governos dele e da Dilma”, disse em publicação nas redes sociais.
Em 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STF) mandou o Ministério da Justiça informar aos advogados de Lula se a Lava Jato formalizou um acordo de cooperação com autoridades norte-americanas. A defesa do petista queria usar a informação para alegar que os procuradores da força-tarefa atuaram fora dos meios legais.
Na época, a defesa de Lula alegou que o caso teria envolvido do FBI, a Polícia Federal nos Estados Unidos. A entidade teria ajudado a quebrar a criptografia do software de pagamentos da Odebrecht.