Nesta quarta-feira (25), enquanto milhões de pessoas em todo o mundo celebram o Natal, o Uruguai mantém sua singularidade ao substituir a data por uma celebração oficial chamada Dia da Família.
Localizado em uma América Latina majoritariamente católica, o país se destaca por essa peculiar decisão que remonta a mais de um século.
Há exatamente 105 anos, em 1919, uma lei aprovada em plena democracia retirou o Natal do calendário oficial uruguaio. A medida fazia parte de um esforço mais amplo de secularização do Estado, que buscava afastar a influência da Igreja Católica nas políticas públicas. Como resultado, todos os feriados religiosos foram eliminados do calendário oficial.
Apesar disso, as tradições natalinas não desapareceram. Nas ruas uruguaias, guirlandas decoram as casas, Papai Noel distribui presentes às crianças, e as árvores de Natal iluminam os lares. No entanto, essas celebrações têm um caráter informal, já que o Natal não é reconhecido oficialmente no país.
Essa decisão torna o Uruguai uma exceção entre os países que não reconhecem o Natal, uma lista que geralmente inclui nações de regimes autoritários ou com religiões oficiais diferentes do cristianismo.
Diferentemente dessas nações, o Uruguai é um país democrático e membro do Mercosul, e sua população, em grande parte, segue tradições cristãs, ainda que de forma não institucionalizada.
Outra curiosidade é a ausência de presépios em espaços públicos e a transformação de outros feriados religiosos. O dia 6 de janeiro, tradicionalmente celebrado como o Dia de Reis em países católicos, é no Uruguai o Dia das Crianças. Essas mudanças reforçam o compromisso histórico do país com a separação entre Estado e religião.
Embora oficialmente o Natal tenha sido removido do calendário, sua essência persiste de forma cultural e popular. Em cidades uruguaias, árvores iluminadas e decorações coloridas são comuns, mas a celebração é reinterpretada sob o prisma do Dia da Família, destacando a convivência e os laços afetivos acima de qualquer conotação religiosa.