Ana Lúcia Hanisch, pesquisadora da Estação Experimental da Epagri em Canoinhas, conquistou o “Prêmio para o Progresso dos Pastos 2025”, na categoria de melhor pôster, durante a 44ª Reunião de Primavera da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens (SPPF). O evento foi realizado nos dias 3 e 4 de abril, em Portugal.
O trabalho premiado apresentou a pesquisa “Modelagem de crescimento de árvores nativas em sistemas silvipastoris tradicionais com ênfase no sequestro de carbono”, desenvolvida em parceria com Cristina Pandolfo (Epagri/Ciram) e Maria Conceição Caldeira (Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia – ISA, da Universidade de Lisboa).
Ana Lúcia realiza pós-doutorado no ISA, com apoio da professora Lígia C. A. Pinotti, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), por meio de uma bolsa do CNPq, iniciada em setembro de 2024. A pesquisa terá duração de um ano.
Caívas: tradição e inovação
A pesquisadora viajou a Portugal levando dados coletados ao longo dos anos em Caívas, sistemas silvipastoris típicos dos remanescentes da Floresta de Araucárias no sul do Brasil. Nesses sistemas, convivem há mais de um século a criação de bovinos, a extração da erva-mate e a manutenção de árvores nativas.
As Caívas guardam semelhanças com os Montados, de Portugal, onde o manejo tradicional de pastagens e árvores, como o sobreiro (cortiça), contribui para a conservação da biodiversidade e a geração de serviços ecossistêmicos.
Modelagem para o futuro
O foco da pesquisa é a modelagem estatística, técnica que permite prever o crescimento de árvores e estimar o potencial de sequestro de carbono ao longo do tempo. “A modelagem é uma ferramenta estratégica para apoiar técnicos e agricultores na tomada de decisões”, explica Ana Lúcia.
Entre os objetivos do estudo está o cálculo do estoque de carbono nas árvores das Caívas, o que pode subsidiar políticas de pagamentos por serviços ambientais, beneficiando agricultores. A modelagem também permite prever quando será necessário o manejo das árvores, evitando o sombreamento excessivo das pastagens.
Tecnologia LiDAR como aliada
Parte dos dados apresentados no pôster foram gerados com tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging), que usa drones para obter métricas precisas da vegetação. “Esses dados nos ajudam muito a alimentar os modelos de crescimento com mais precisão”, afirma Ana Lúcia.
A pesquisadora destaca que estudos recentes demonstram que as Caívas podem aumentar em até 400% a produção animal, sem comprometer a regeneração natural ou o estrato arbóreo. “Nosso trabalho traz inovação ao explorar sistemas produtivos dentro de remanescentes florestais com árvores nativas”, completa.
Sobre a premiação
A Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens, criada em 1979, visa promover o desenvolvimento e a difusão de práticas sustentáveis em pastagens e forragens. A edição de 2025 da Reunião de Primavera teve como tema central os impactos das mudanças climáticas nos sistemas pecuários.