Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) lança luz sobre o impacto de diferentes alimentos na saúde da população brasileira.
Segundo os dados publicados na revista International Journal of Environmental Research and Public Health, uma simples bolacha recheada pode representar uma perda de até 39,69 minutos de vida saudável, enquanto o consumo de uma banana pode adicionar 8,08 minutos.
A pesquisa aplicou, pela primeira vez no Brasil, o Índice Nutricional de Saúde (HENI, na sigla em inglês), uma ferramenta desenvolvida por cientistas americanos que calcula, com base em evidências epidemiológicas, os minutos de vida saudável ganhos ou perdidos por porção de alimento consumida.
O levantamento concentrou-se nos 33 alimentos que mais contribuem para o consumo calórico da população, conforme a Pesquisa Nacional de Alimentação, e utilizou dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, considerando apenas indivíduos com mais de 10 anos.
Segundo os autores, os resultados não devem ser interpretados de forma alarmista. Comer uma bolacha ocasionalmente, dentro de uma dieta equilibrada, não representa risco isolado à saúde.
O estudo, no entanto, chama atenção para o padrão alimentar geral dos brasileiros e reforça a importância de escolhas mais saudáveis no dia a dia.
O HENI considera 15 componentes ligados ao risco de doenças, como o consumo excessivo de sódio, gorduras trans, carnes processadas e bebidas açucaradas. Em contrapartida, leva em conta os benefícios de alimentos ricos em fibras, vegetais, frutas, leguminosas, ômega-3 de peixe e leite.
Entre os alimentos com piores pontuações estão:
- Biscoito recheado: –39,69 minutos
- Carne suína: –36,09 minutos
- Margarina: –24,76 minutos
- Carne bovina: –21,86 minutos
- Empanado de frango: –17,88 minutos
Já entre os alimentos que mais agregam minutos de vida saudável, destacam-se:
- Peixe de água doce: +17,22 minutos
- Banana: +8,08 minutos
- Feijão: +6,53 minutos
- Suco natural de fruta: +5,69 minutos
- Arroz integral: +4,71 minutos
De acordo com os pesquisadores, o objetivo do índice é orientar substituições simples e eficazes na dieta cotidiana, promovendo maior equilíbrio alimentar. A proposta não é demonizar alimentos específicos, mas oferecer uma métrica clara e baseada em evidências para auxiliar escolhas mais conscientes.
Em resumo, o estudo destaca que o que realmente importa é o saldo geral da dieta. Pequenas trocas, como substituir alimentos ultraprocessados por opções naturais, podem ter grande impacto acumulado na saúde da população.